O Retorno de Ben é lançado pouco tempo depois após Querido Menino, outro filme que trata sobre o mesmo tema – adolescente envolvido em drogas – e que também foi ignorado no Oscar.
Aqui as atuações surgem com mais força, o roteiro parece trabalhar em função delas rendendo muitos embates entre os atores – a câmera na mão de Peter Hedges sempre os busca -, enquanto em Querido Menino a abordagem mais independente acerca do tema principal deixa a história menos fácil de ser digerida, o que faz com que as atuações contidas e cheias de nuances de Chalamet e Carell se destaquem naturalmente.
Ben (Lucas Hedges de Manchester À Beira-Mar) é um garoto viciado em drogas que se ausenta de sua reabilitação para passar o Natal com a família. Julia Roberts (depois da mãe que viveu Extraordinário) vive outra mãe coruja que acolhe o filho pelo menos por um dia, a contragosto de seu atual esposo, e se propõe a mante-lo firme e ajuda-lo a ficar longe de qualquer gatilho para que possam novamente ser uma família completa.
Porém, para um ex-usuário e traficante, nunca é fácil se livrar do passado, os ex-colegas de “boca” e tráfico ressurgem, e numa dessas, algo de ruim irá acontecer à família de Ben e ele tentará resolver sozinho.
Julia Roberts e Lucas Hedges estão bem em seus papéis, são suas atuações que dão força ao longa e devem agradar àqueles que querem ver uma história triste levada de maneira convencional, sem muitas surpresas. Roberts se mostra uma mãe que luta pelo filho com unhas e dentes até o fim, enquanto Hedges é o filho imperfeito que ainda precisa do alicerce da família para lutar contra o vício.
Eu fico com Querido Menino, onde não há redenção e a história é muito mais desumana e verossímil, O Retorno de Ben não é ruim, mas as conveniências do terceiro ato incomodam por insistir em fazer dos personagens peças de um thriller policial onde tudo dá bem no último instante. O saldo é positivo, graças à dupla principal, mas carece de ousadia e verdade nos momentos chave.
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