Parece que a boa vontade com este longa passou longe até mesmo daqueles que traduziram o título original, Greta. Obsessão até define bem a sina da personagem-título de Isabelle Huppert (Elle) para com a perseguida Frances de Chloë Grace Moretz (Suspiria – A Dança do Medo), mas o filme merecia um nome mais atrativo, ainda que não seja uma boa atração.
Frances é uma órfã por parte de mãe que divide apartamento com a amiga Erica (Maika Monroe, de Corrente do Mal). Certo dia, ao voltar do trabalho, ela encontra uma bolsa no metrô e decide guardar para entregar à dona, uma senhora também solitária, iniciando uma curiosa amizade que logo se revela problemática.
Seria uma ofensa comparar a direção preguiçosa de Neil Jordan (Entrevista com o Vampiro) às de Roman Polanski e Alfred Hitchcock, mas este Obsessão – de roteiro assinado por Jordan e Ray Wright (Pulse) – tenta emular um thriller de gênero digno dos mestres, mas falha por não conseguir criar nenhum momento genuíno de tensão. Os únicos momentos mais aflitivos são uma cena de violência explícita, já no terceiro ato, e os truques de câmera ágeis que Jordan aplica algumas vezes para surpreender o espectador com a presença de Huppert em cena.
Por falar na atriz francesa, é graças a ela que o filme se sustenta em boa parte. Conhecida por uma carreira de personagens perturbadas, problemáticas e difíceis, aqui Huppert mais uma vez se prova excelente, ainda que a trama nunca consiga dar conta de sua grandiosidade em cena. Chloë Moretz não chega a sumir quando na presença de Huppert, e isso é ótimo, mas é outra personagem maltratada por um roteiro conivente demais com as situações que cria.
Obsessão se revela um amontoado de clichês que pareciam caminhar para surpreender o espectador ao final, mas Jordan sequer pensa em uma reviravolta bombástica para nos deixar atordoados, encerrando a história com um final que deixa um sabor de coisa envelhecida na boca.
[wp-review id=”11960″]
+ Ainda não há comentários
Add yours