Pensado para ser um novo capítulo do universo Cloverfield – ideia logo abandonada após a péssima recepção do fraco O Paradoxo Cloverfield – Operação Overlord chega aos cinemas mais parecendo uma aposta de J.J. Abrams (Star Trek e Star Wars: O Despertar da Força) em apadrinhar um novo diretor do que realmente um filme que trará frescor ao gênero de ação e horror.
Depois de abrir espaço para outro diretor em Star Wars, Abrams lança Julius Avery (Sangue Jovem), mas o resultado é bem abaixo do esperado tanto na direção quanto na produção. O filme tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente o Dia D. Logo na sequência de abertura, acompanhamos soldados paraquedistas prestes a saltar para cumprir a missão de destruir uma torre de rádio inimiga.
Após sofrerem um ataque e alguns sobreviventes alcançarem o solo, eles percebem que seus inimigos não se resumem a soldados nazistas, mas algo muito mais poderoso habita os porões nazistas.
A ideia é levada a sério pelos roteiristas Billy Ray (Jogos Vorazes) e Mark L. Smith (Há Vagas), mas o texto não é o maior problema do filme. No elenco, repleto de caras nem tão conhecidas, estão Pilou Asbæk (Lucy), que se destaca como o vilão ameaçador, Jovan Adepo (Mãe!) como o soldado mais humano de todos, e Wyatt Russell (mais conhecido por ser filho de Kurt Russell, mas longe de ter o carisma do pai) como o soldado mais intempestivo, todos bastante estereotipados e sem nenhuma profundidade. Resta espaço ainda para o soldado engraçadinho que faz amizade com uma criança abandonada.
Após os poucos sobreviventes se reunirem e serem guiados por uma jovem francesa a um vilarejo isolado, os soldados se instalam em uma casa que serve como refúgio. A partir dali, Avery não trata as relações entre eles da melhor forma, sempre apelando para os velhos clichês do gênero e desperdiçando ótimas chances de gerar mais tensão na história, seja com a senhora doente que habita a casa onde se alojam ou com os próprios soldados americanos que em solo se tornam menos interessantes do que nos breves momentos no avião.
Demora
O maior problema de Operação Overlord é a falta de ritmo da história. Demora muito para que os soldados enfrentem o inimigo de verdade, boa parte desse tempo é desperdiçada tentando cativar o espectador com os personagens que nem são tão interessantes assim. É tudo tão previsível que o espectador se cansa de esperar o óbvio acontecer.
O terror tão aguardado devido à alta classificação indicativa só aparece quando um dos soldados descobre um laboratório secreto onde experimentos são realizados e supersoldados (ou soldados zumbis) são mantidos. É aí que o filme muda de tom e os nazistas já não são mais a principal ameaça, mas sim a poderosa fórmula que parece trazer a imortalidade. Ainda assim, o filme nunca atinge o nível de gore prometido e nem mesmo a ação é bem coreografada, restando apenas barulhos de tiros para cansar o ouvido do espectador.
Resumindo, Operação Overlord tem seus momentos graças a alguns personagens que nos fazem rir e por ser uma aposta diferenciada em um filme de terror com pano de fundo histórico, o problema é decepcionar tanto nas sequências de ação como no exploitation. Afinal, saindo dos bolsos de J.J. Abrams, esperava-se algo muito mais divertido.
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