Review – A Piada Mortal

apiadacapa

A DC Animations exibiu A Piada Mortal em cinemas dos grandes centros para marcar o lançamento dessa adaptação da graphic novel de Alan Moore e Brian Bolland. Considerado um clássico da Arte Sequencial, como chama Will Eisner, a obra é festejada como um dos pontos altos do gênero nos anos 80, quando prodígios como Frank Miller, Neil Gaiman e o próprio Moore levaram as histórias de super-heróis ao seu ápice.

Esta versão animada de A Piada Mortal começa com um prólogo inexistente no original, em que a relação entre Batman e Batgirl é desenvolvida para dar aos acontecimentos posteriores um peso maior. Na verdade, acaba deixando claro que mesmo os adaptadores não se convenceram do clímax emocional apresentado por Moore no original.

apiada1

Esta é considerada a história “oficial” de como o Palhaço do Crime enlouqueceu, ainda que o próprio vilão diga que cada vez ele se lembra do passado de um jeito diferente.  Na época do lançamento do original no Brasil, eu ainda fazia faculdade de psicologia e o processo da “loucura” do Coringa me pareceu psicanálise de buteco, e a versão animada deixa esse gap ainda mais evidente. Simplesmente não convence. Sem negar a genialidade de Alan Moore, às vezes ele pisa no tomate, como o “ataque alienígena” criado por Ozymandias em Watchmen, que faz com que as duas superpotências se unam contra o suposto inimigo em comum (digam o que quiserem do filme de Zack Snyder, mas ele certamente resolveu esse tópico de forma bem mais convincente). O constructo de A Piada Mortal é racionalmente brilhante, mas peca no emocional, que é forçado.

Como já dava para notar nas animações O Cavaleiro das Trevas e Batman Ano Um, em que pese a fidelidade em relação aos originais, o vídeo perde muito em relação às graphic novels, justamente pelas diferenças entre as mídias. Frank Miller é um inovador da quadrinização, mas mesmo Brian Bolland, muito mais convencional, tem momentos brilhantes em A Piada Mortal que não são reproduzíveis em vídeo, pela sua linearidade. Por isso, embora essas novas versões animadas sejam ótimos cartões de visita, não substituem as graphic novels originais. Nem pretendem, na verdade.

apiada5

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *