Review | Rebecca – A Mulher Inesquecível (Netflix)

Por mais difícil que seja gostar deles, não sou o tipo de pessoa que cancela os remakes antes deles serem feitos. Acho bobagem, prefiro assisti-los para dar o veredito que o filme merece.

Penso que não existem histórias que não podem ser contadas por outra perspectiva, embora concorde que o status de ‘intocável’ de algumas obras se dê por motivos razoáveis, a exemplo da atemporalidade e uso da linguagem cinematográfica que acabam fazendo delas clássicos do cinema.

É o caso de Rebecca – A Mulher Inesquecível, clássico de Alfred Hitchcock de 1940, vencedor do Oscar de Melhor Filme, em 1941, e que permanece até hoje como a adaptação definitiva do romance homônimo escrito por Daphne Du Maurier, de 1938. Então, por que recontar tal história?

Ao final desta nova adaptação disponível na Netflix, pensei o mesmo. Por quê? Se o plano é fazer um remake, seja pelo menos autêntico. Um exemplo é a recente versão de Suspiria, dirigida por Luca Guadagnino.

O cineasta não fica à sombra do giallo setentista de Dario Argento, e dá uma nova roupagem à trama de bruxaria, fazendo de sua versão algo totalmente novo e contemporâneo.

Ben Wheatley (Free Fire: O Tiroteio) não consegue o mesmo com sua versão de Rebecca. O respeito ao clássico está ali, em demasia. Com isso, seu filme esbarra em Hitchcock ao tentar ser uma versão do romance de Du Maurier.

Há algumas mudanças leves e outras bem mais óbvias, como a fotografia colorida de Laurie Rose, que já havia trabalhado com Wheatley em produções anteriores, como o ótimo Kill List (2011).

Lily James e Armie Hammer em cena do filme

Desta maneira, o diretor tenta trazer uma certa autenticidade, especialmente em uma cena ritualística – que é tão avulsa que não diz a que veio, apesar de ser um dos momentos mais interessantes do filme inteiro.

Pelo fato de abandonar o preto e branco clássico, que elucidava todo um ar gótico, Wheatley assume uma proposta bem mais romântica. No entanto, isso tira força de dois personagens essenciais à narrativa: a mansão Manderley e a ameaçadora Rebecca, que no clássico de 1940 agem quase como forças sobrenaturais. Aqui, tudo é sem vida e o resultado é um total desperdício.

 

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