Review | Roma

Um dos filmes mais premiados e aguardados da temporada, apontado por muitos como um dos favoritos ao Oscar de Melhor Filme – antes mesmo do anúncio oficial dos indicados – Roma está disponível na Netflix desde o último dia 14 de dezembro. Pena que a produção ganhou poucas sessões em salas de cinema. Exibido no encerramento da 42ª Mostra de São Paulo, contou com poucas sessões em salas da rede Kinoplex em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas o longa do mexicano Alfonso Cuarón merecia muito mais.

Uma possível vitória no Oscar, quem sabe, pode fazer com que Netflix e algumas redes de cinema repensem a ideia, pois Roma merece ser visto na melhor tela possível. E, sem querer ir contra os streamings, os filmes ainda são pensados para serem vistos no cinema. Aliás, qualquer obra de Cuarón é um deslumbre cinematográfico.

Destaques na carreira

Cuarón fez um dos melhores filmes de bromance que já vi: E Sua Mãe Também (2001), pelo qual o roteiro ganhou indicações no Oscar, BAFTA e Globo de Ouro.

Foi ao mundo bruxo e fez uma aventura entre as melhores da franquia: Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004).

Fez um dos melhores planos-sequência dos últimos anos numa distopia magnífica: Filhos da Esperança (2006), cuja fotografia de Emmanuel Lubezki recebeu diversas indicações e prêmios.

Foi ao espaço e fez um filme de tirar o fôlego: Gravidade (2013), que lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor.

Com um currículo desse, não é à toa que Cuarón seja considerado um dos melhores diretores da atualidade. Em Roma, ele nos mostra que, mesmo nas menores histórias e nos menores detalhes, residem coisas grandiosas.

Íntimo e pessoal

Desta vez, Cuáron entrega um projeto intimista e pessoal, uma singela homenagem à sua infância no bairro em que morava no México na década de 70, mostrando o dia-a-dia de uma família de quatro crianças onde duas empregadas têm grandes responsabilidades, sendo que Cleo (Yalitza Aparicio) é quem mais irá nos atrair.

Uma história repleta de coração. A todo instante. Até nas fezes do cachorro amassadas pelo pneu do carro. Cuarón é sempre soberbo com sua câmera. A mais simples das cenas fica bela, a mais grandiosa das cenas fica épica. A fotografia em preto e branco – a cargo do próprio Cuarón – é uma das mais lindas que vejo no cinema desde O Artista (2011). A câmera que parece um pêndulo é hipnotizante, logo somos fisgados por aquela rotina familiar.

Cuarón ainda nos surpreende com planos-sequência incríveis, um deles de tirar o fôlego, que mostra toda a técnica e precisão do diretor por trás das câmeras. É preciso muita segurança e confiança para arriscar dessa forma em um projeto desse e o diretor mexicano faz tudo parecer a coisa mais simples a ser feita.

É por isso que um filme desse precisa de imersão total do espectador: você se sente convidado a fazer parte daquela família, e uma vez sendo parte dela, é uma missão quase impossível não se emocionar. Por diversas vezes, o nó na garganta é garantido. As imagens enchem nossos olhos e impressionam. Nos sentimos reconfortados por Cléo. A cena do pôster é linda e traduz Roma: amor, compaixão, respeito, confiança e afeto. Um dos grandes do ano, senão o maior. Viva Cuarón!

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