Ainda com uma breve carreira de apenas três longas, Barry Jenkins tem se revelado um dos diretores mais influentes dos últimos anos, sua escolha por elencos majoritariamente negros demonstra sua preocupação em fazer um cinema representativo.
Seu talento inquestionável aliado a esta representatividade que traz a seus filmes e, consequentemente, ao cinema, fazem do diretor muito mais do que um simples panfletário, mas um ativista do bem.
Se em Moonlight: Sob a Luz do Luar Jenkins se aproximou de um coming-of-age de um jovem negro e gay e foi agraciado com o Oscar de melhor filme – embora não concorde, vejo a importância do feito -, dessa vez, em Se a Rua Beale Falasse, ele nos conta uma história de amor comum, mas com o diferencial de se passar no Harlem dos anos 70, uma época onde o racismo estava incrustado na sociedade e, assim, afetou tragicamente uma família.
Baseado no romance de James Baldwin (Eu Não Sou Seu Negro), …Rua Beale… é a história de amor entre Clementine “Tish” (KiKi Layne) e Alonzo “Fonny” (Stephan James de Selma: Uma Luta pela Igualdade), dois jovens apaixonados que são separados após Fonny ser acusado injustamente por um crime que não cometeu. Tish passa então a tentar provar sua inocência para que possa ter a família que sempre sonhou.
“Todos os negros dos Estados Unidos nasceram na Beale Street“.
Logo de início, alguns dizeres retirados do romance de Baldwin vão preenchendo a tela preta, eis que a intenção de Jenkins fica clara. Ele parece dizer ao espectador: vejam o simbolismo da Rua Beale e a importância de uma história assim ser contada. “A Beale Street é uma rua de New Orleans onde nasceram o jazz e Louis Armstrong“.
Embora todas as intenções de Jenkins fiquem claras, o ritmo da história não ajuda. A narração da personagem vivida por KiKi Layne é excedente e floreia demais o romance, tornando-o enjoativo ao invés de emocionante. O vai-e-vem no tempo também cansa, parece que a Rua Beale, afinal, tem muitas esquinas e cruzamentos.
Tecnicamente o filme é belo tanto aos olhos quanto aos ouvidos, com uma trilha sonora calorosa e romanceada de Nicholas Britell (Moonlight: Sob a Luz do Luar) que preenche os momentos de amor entre Tish e Fonny (sendo muito mais objetiva que a narração já criticada).
É pena que a história tenha muitas quebras de ritmo, coadjuvantes demais – alguns desnecessariamente conhecidos já que têm diálogos simplórios – e tenha uma dose muito grande de adoçante.
Ao final, fica a importância pela representatividade que traz, já que se fosse protagonizado por brancos provavelmente passaria batido.
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