Review | Shazam!

Depois de algumas tentativas de realizar filmes mais maduros e sombrios – que não deram muito certo, diga-se de passagem – a DC Comics cansou de tomar porrada e assume o lado pastelão. E se nem mesmo os poderes ridículos do Aquaman – calma, fãs do rei dos mares – deram a seu filme um tom de galhofa – pelo contrário -, não havia escolha melhor para assumir o manto de herói às avessas senão Shazam.

Em Shazam! conhecemos o garoto Billy Batson (Asher Angel, em sua primeira grande superprodução), um jovem malandro de 14 anos que herda os poderes de um antigo mago (Djimon Hounsou, de Aquaman). Basta pronunciar “Shazam!” para se transforme no super-herói adulto e musculoso vivido por Zachary Levi (que já viveu Fandral em Thor). Com ajuda do amigo Freddy (Jack Dylan Grazer, de It: A Coisa), Billy precisará conhecer e dominar seus superpoderes o mais rápido possível para deter a ameaça do Dr. Thaddeus Sivana (Mark Strong, de Kingsman: Serviço Secreto).

Obviamente, Shazam! não cria links com os demais filmes do DCEU (Universo Estendido da DC) – parece que o estúdio realmente abandonou essa ideia, por enquanto – apostando muito mais nas referências a Batman, Superman e Aquaman – os créditos finais também são bastante engraçados e emulam uma vibe Deadpool ao zombar com os heróis do estúdio. (P.S.: Fiquem para as duas cenas pós-créditos).

Aliás, as referências pulam na nossa cara a todo instante, de Quero Ser Grande a Harry Potter, passando até por uma Annabelle escondida em um dos cantos da tela logo no início do filme. O diretor David F. Sandberg vem de uma base de curtas de terror e dirigiu dois longas do gênero: Lights Out (2016) e Annabelle 2: A Criação do Mal (2017). Shazam! não tem nada de terror, embora pudesse facilmente transitar pelo gênero graças aos vilões apresentados aqui, mas as escolhas do roteiro de Henry Gayden e Darren Lemke felizmente deixaram o herói distante de se tornar o novo Motoqueiro Fantasma.

Não vá ao cinema esperando por grandes cenas de ação. A pancadaria existe, mas não é tão empolgante se comparada aos atuais filmes de super-heróis. Aqui, a trama se sustenta mesmo é na mensagem família e no carisma da dupla principal. Grazer e Levi encarnam duas crianças que se divertem testando os superpoderes de Shazam, escolhendo sua frase de efeito e inventando diversos nomes de super-herói para o grandalhão.

Quando decide ficar mais sério, Shazam! aborda o drama de Billy. Abandonado ainda criança, tenta reencontrar a mãe, enquanto passa por diversos lares de acolhimento. Em sua nova fase de adaptação, encontra uma família temporária com quem aprende a criar laços afetivos e demonstrar empatia. As crianças de seu novo lar são bastante engraçadas e algumas chegam a roubar a cena, cada uma à sua maneira, além de reservarem um dos momentos mais legais e emocionantes do filme.

Deixando de lado o fardo de ser um filme de super-herói da DC, Shazam! se assume como uma aventura para toda a família, que sabe não se levar tão a sério e que ri de seus próprios absurdos. Afinal, a mente de um garoto de 14 anos em um corpo inflado e desajeitado é que salva o dia. Diverte, emociona e empolga. Não é a salvação do DCEU e nem pretende ser, mas, com certeza, pode ser a salvação para um dia ruim e um novo caminho para os filmes da DC.

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