Curiosamente, esta co-produção Brasil/Argentina me lembrou o filme Família Submersa outro filme argentino também dirigido por uma mulher (María Alché).
Ambas histórias se passam em apartamentos cheios de plantas onde as protagonistas passam a confundir fantasia e realidade.
Em Vergel, a personagem de Camila Morgado (O Animal Cordial) aguarda a liberação do corpo do marido, falecido durante as férias do casal na capital federal argentina, para que possa voltar ao Brasil.
A personagem passa pelo luto em um país no qual não domina a língua, cheio de burocracias, começa a ter alucinações com o marido, vê figuras de macacos pulando na sacada do prédio vizinho e vai perdendo o senso de realidade, enquanto recebe as visitas da vizinha de baixo (Maricel Álvarez de Biutiful) uma companhia que ela encontra para dividir o calor daquele apartamento.
As cores quentes e os enquadramentos – através de vidraças e sempre próximos a Morgado – são pontuais para expor ao espectador a sensação de prisão, desespero e o luto que a protagonista enfrenta.
Há muitos simbolismos, seja com as plantas, com a água ou nas cenas intensas entre as duas atrizes, mas o roteiro preguiçoso abusa de repetições e, às vezes, opta por diálogos que esfregam na cara do espectador suas ideias, como na sequência da sacada com as plantas onde a vizinha diz “tudo se move, até o caracol se move”.
Acaba que o longa – que nem é tão longo assim – fica cansativo por explorar o luto de uma maneira pretensiosa e até niilista demais e começar e acabar sem que saibamos praticamente nada da relação daquele casal.
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