Review | Escape Room

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, a trilogia do Cubo (Cubo, Cubo 2: Hipercubo e Cubo Zero) ganhou destaque nas locadoras do país por ser uma ficção científica de baixo orçamento mas com proposta bastante original: aprisionar um pequeno grupo de pessoas em uma sala até que um enigma fosse decifrado e elas pudessem seguir à próxima etapa.

Anos depois, foi a vez de James Wan reinventar a fórmula dos filmes de “salas de armadilhas” com Jogos Mortais. Com uma temática mais pesada e adepta do gore, Jogos Mortais virou uma franquia de enorme sucesso, rendendo oito longas e colocando o diretor no circuito hollywoodiano.

Escape Room parece chegar aos cinemas com certa pretensão. Nota-se a tentativa da produção em iniciar uma franquia, mas, para isso, há de se torcer para que o resultado das bilheterias seja positivo.

Baseando-se pela ideia e pelo roteiro da dupla Bragi Schut (Caça às Bruxas) e Maria Melnik, seria de bom grado que ambos se apegassem a apenas algumas linhas e descartassem muitas páginas do final, o problema é que já neste primeiro filme a ideia se perde e se desgasta. Se por um lado cria-se certo gancho para continuações, por outro esse gancho está preso a uma linha extremamente frágil.

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A premissa

Em Escape Room, seis estranhos com características distintas são convidados para um experimento misterioso que premiará o vencedor com um milhão de dólares. Mas quando eles percebem que os perigos são mais letais do que imaginavam, precisam agir rápido para desvendar as pistas que lhes são dadas.

A história caminha bem enquanto desenvolve o conceito das escape rooms, o orçamento de 9 milhões dólares (quase oito vezes o do primeiro Jogos Mortais) ajuda para que as salas tenham bons efeitos e sejam imersivas não só para os personagens, mas também para o espectador.

É divertido e angustiante vê-los correndo contra o tempo para decifrar o enigma de uma sala com temperatura alta, assim como trabalhar em equipe para vencer uma sala com temperatura congelante, culminando na melhor escape room, onde tudo está invertido e o jogo de câmeras de Adam Robitel  (Sobrenatural: A Última Chave) deixa a sequência ainda mais eletrizante.

Personagens ruins e protagonismo fraco

Para dar suporte a essas salas e nos envolver ainda mais, era necessário personagens menos odiáveis. Embora eles sejam apresentados como pessoas com traumas significativos no passado (o que rende boas cenas em flashback quando expostos a seus limites), é irritante e desapontador torcer por pessoas de índole duvidosa e estereotipadas (há o empresário egoísta, o nerd bobalhão e a mocinha indefesa).

Para piorar a questão das personagens, dar protagonismo para uma personagem tão insossa como a Zoey de Taylor Russell (Down a Dark Hall) se mostra um engano, já que quem rouba a cena em um dos melhores momentos do filme é Deborah Ann Woll (Dominados pelo Ódio) e sua Amanda, uma personagem que empolga o espectador e nos faz querer torcer por ela, pena que é sub-utilizada.

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Final decepcionante

No terceiro ato, tudo o que havia sido construído parece ter sido deixado de lado pelos roteiristas para enfiarem os pés pelas mãos em explicações desnecessárias e absurdas, com uma cena final constrangedora. Nenhuma das decisões vistas ali tem impacto suficiente para deixar o espectador com vontade de quero mais.

Por mais que a atual geração tenha se apegado a blockbusters supérfluos, não sei se Escape Room terá apelo suficiente para que uma sequência aconteça. Falta sangue, falta ousadia e o que sobra são 40 minutos de bons jogos, o restante é descartável.

 

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