Antes de mais nada, já vou dizendo: Vidro é bom, embora não sensacional. Mas é possível que cresça com as revisões, já que muitos pontos permaneceram nebulosos e o uso das cores como elemento narrativo mereça uma segunda visita ao filme.
Para contracenar com as múltiplas personalidades da Horda (James McAvoy) e sua vítima/alma gêmea Casey Cooke (Anya Taylor-Joy), estão de volta não apenas David Dunn (Bruce Willis) e Elijah Price (Samuel L. Jackson), mas também o filho do primeiro, Joseph (Spencer Treat Clark) e a mãe do segundo (Charlayne Woodward). A estes, se junta a psiquiatra Ellie Staple (Sarah Paulson), que se dedica a estudar pessoas que julgam ter superpoderes.
Se em 1999 – ano de lançamento de Corpo Fechado – contar uma história em que o protagonista descobre ser um super-herói em um clima “realista e sombrio” era uma total novidade, hoje vivemos na Era de Ouro dos Quadrinhos no Cinema. Shyamalan tira proveito disso e começa Vidro abraçando as HQs, com o aguardado enfrentamento entre Dunn e a Besta (personalidade superpoderosa da Horda).
Na segunda parte, vemos os três protagonistas detidos num hospital psiquiátrico aos cuidados da Dra. Staple (isso não é spoiler, está no trailer). Aqui revemos Mr. Glass, mantido fortemente sedado e catatônico pelos 15 anos que separam a ação de Corpo Fechado do presente filme. Se você leu O Cavaleiro das Trevas, sabe o que acontece quando o supervilão se reencontra com sua nêmesis…
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Roberto Sadovski define este final de trilogia como “eficiente”, enquanto a recepção da crítica americana foi, no mínimo, morna. O problema principal é a expectativa criada em torno do filme, especialmente após o desfecho de Fragmentado. Se James McAvoy tem menos tempo para brilhar, ainda que suas transições de personalidade continuem a impressionar, Samuel L. Jackson dá um show como o mastermind Glass. Um envelhecido Bruce Willis retoma a melancolia de seu personagem de 1999. Entre os coadjuvantes, o destaque fica por conta de Anya Taylor-Joy, cuja Casey usou sua experiência com a Horda para resolver seu próprio trauma.
O problema está no chamado terceiro ato. O roteiro inicial de Shyamalan tinha mais de três horas, sendo reduzido para 139 minutos. Isso parece ter feito os acontecimentos se atropelarem no final, faltando o peso necessário ao inevitável plot twist e ao desfecho dos três protagonistas.
Também há uma série de pontas soltas, que não sei se faziam parte da versão mais longa, ou se o diretor pretende retomá-las numa outra oportunidade. Não há a cena pós-créditos reveladora, mas diversas pistas podem ter sido deixadas ao longo do filme como iscas para seu público. Como alguém diz a certa altura: “isto não é uma edição limitada, mas uma história de origem”.
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