Jogos não tem este nome à toa. Afinal, eles foram feitos para serem jogados. O simples apertar de botões e movimentos realizados em uma alavanca faz com que um personagem ou alguma coisa projetada em uma tela obedeça aos comandos e execute aquilo que o jogador está realizando (nem sempre é do jeito que gostamos, mas isso não vem ao caso). Essa é a premissa básica de todo e qualquer jogo de videogame desde que jogos são chamados de jogos. Os videogames foram criados com base na jogabilidade e na tentativa de transportar o jogador para uma experiência simplesmente mecânica e que, de preferência, funcionasse. Com o passar dos anos, a tecnologia mudou, ou melhor, avançou e, junto dela, os jogos passaram a fornecer algo a mais. E este algo a mais foi trazido de uma tela um pouco maior do que a da sua TV (pelo menos é bem maior do que a minha TV): o cinema.
Geração após geração, as desenvolvedoras de jogos passaram a perceber que dentro daquela máquina de processamento de comandos poderia haver mais do que apenas pulos, socos e tiros. Poderia conter uma história. Foi a partir dali que a balança jogabilidade x história começou a pesar, ora para um lado, ora para outro e luta, até hoje, para encontrar o seu ponto de equilíbrio.
A história recente dos jogos deu de presente para nós, seus amantes, excelentes exemplares da espécime que, no entanto, focam em entregar uma experiência mais coesa e focada em apenas uma dessas vertentes que compõem os títulos. Para utilizarmos de exemplos, de um lado temos jogos como The Walking Dead da Telltale e seus derivados (leia-se aqui todos os jogos com a fórmula Telltale), com seus dilemas e decisões que conduziam a história e o aclamado Journey, que toca profundamente o jogador mesmo sem emitir uma única linha de texto ou fala durante todo o jogo. Enquanto do outro lado vemos os excelentes Pac-Man Championship Edition DX e Nidhogg, por exemplo, que são jogos puramente baseados em mecânica e sem nenhuma história para contar. Nem por isso são ruins.
Percebe-se nessa comparação que todos são excelentes jogos, mas cada um se destacando em um lado desta balança, em detrimento ao lado oposto. Mas isso pode mudar e a responsável pela mudança já chegou: a realidade virtual. Mesmo que ainda no começo, a tecnologia já mostrou seu potencial de unir histórias por meio da imersão e apresentar mecânicas que serão inovadoras em relação ao que conhecemos hoje em dia. Ao propor retirar o controle da mão do jogador e joga-lo como protagonista vivo da história, a famosa quebra da quarta parede (quando o jogo conversa diretamente com o jogador) é mais crua e perceptível.
A história dos jogos está aí para não me deixar mentir e para dar uma certa segurança para prevermos que, com a chegada de uma nova tecnologia, o que entendemos sobre jogar videogame sempre se altera. Foi assim com a chegada dos analógicos aos controles, foi assim com a chegada dos sensores de movimento e será assim com a chegada dos óculos de realidade virtual. O que nos resta é saber como a indústria dos jogos reagirá a esta nova tecnologia e esperar quais novas propostas ela trará para nós, jogadores. Eu estou ansioso. E você?
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