Review | A Aparição

A Aparição é o típico filme que tem a religião e a fé como temas principais, mas que conversa com o público no geral justamente por não se concentrar nesses pontos, que são importantes para o andamento da história, mas não exigem que o espectador seja praticante ou conhecedor de dogmas religiosos para entender o que está acontecendo.

Nem mesmo o protagonista vivido por Vincent Lindon (Rodin) é um religioso convicto, e é justamente sua excessiva vontade de procura por respostas que o colocarão em xeque com suas próprias certezas.

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O longa (e bota longo nisso) de Xavier Giannoli (Marguerite) tem uma duração fora do comum para filmes do gênero que, em alguns momentos, não se justifica. Se fosse mais pragmático, seria mais redondo e fácil de digerir.

De qualquer forma, A Aparição cumpre seu papel de nos envolver com Jacques (Lindon), um jornalista recrutado pelo Vaticano para integrar uma comissão de investigação canônica em uma pequena vila no interior da França, onde, supostamente, a Virgem Maria apareceu para uma jovem chamada Anna (Galatéa Bellugi, de Coração e Alma).

Giannoli optou por uma faca de dois gumes ao dividir a história em seis capítulos. Ao mesmo tempo em que pôde desenvolver os pormenores com bastante realismo e perícia (a cena em que a câmera desliza lentamente por uma lista de aparições oficializadas pela Igreja é um exemplo), o tom episódico também acaba deixando o filme arrastado e até cansativo, já que nem todos capítulos têm a mesma fluidez – o sexto, e último, em particular, é mais longo do que deveria.

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O grande diferencial de A Aparição acaba sendo a forma com que Giannoli desenvolve temas polêmicos e importantes como a exploração turística no local da aparição, as dúvidas levantadas pela própria Igreja acerca dos eventos, o conflito entre razão e fé do protagonista, junto de seus traumas do passado, e a degradação física e mental de Anna aliada ao seu enorme sacrifício e fé.

Giannoli escapa dos maneirismos típicos de Hollywood, evitando pintar heróis ou vilões, sem pender a balança da verdade absoluta para qualquer um dos lados. Assim como na fé, é preciso que cada um tire por si só suas conclusões e julgamentos e, mesmo que o sexto capítulo amarre algumas pontas que poderiam muito bem ficar soltas, seu final elucida Jacques de antigas convicções.

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