Review | Escobar: A Traição

Enquanto Narcos se encaminha para a quarta temporada na Netflix – a segunda sem a presença de Pablo Escobar (Wagner Moura) – filmes como Escobar: A Traição continuam tentando surfar numa onda que parece não ter a mesma força de antes. Conexão Escobar (2016) trouxe um olhar hollywoodiano aos trâmites do narcotráfico, e Feito na América (2017) – surpreendentemente – divertiu ao contar a história do famoso piloto Barry Seal (Tom Cruise). No entanto, a visão da jornalista Virginia Vallejo em Loving Pablo – título original do longa – não traz nada de atrativo ou de novo para quem já conhece a história.

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Com direção de Fernando León de Aranoa (Um Dia Perfeito), baseado no livro da própria jornalista Virginia Vallejo, é quase que imperdoável ver dois atores e um diretor espanhol usando o inglês para se comunicar. Não basta sotaque, uma história que tenta passar veracidade, nos dias de hoje, precisa das características culturais e sociais de onde se passa.

Além disso, o roteiro é rasteiro, tudo acontece muito rápido, falta informação de datas e anos e não conhecemos diversos personagens secundários que sabemos terem sido tão importantes para a ascensão e queda de Pablo Escobar.

Nem mesmo Virginia é tão importante, sua participação se resume à narração – e à traição do título abrasileirado. Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona) não entrega uma de suas melhores atuações, recorrendo a trejeitos e deixando a personagem extremamente caricata. Cabe a Javier Bardem (mãe!) ser o grande chamariz da história e entregar um bom Pablo Escobar.

O roteiro de Aranoa se limita a recontar os fatos da vida de Pablo, muitos deles onde Virginia nem mesmo estava presente, ou seja, é uma biografia onde a suposta visão da jornalista inexiste e sua narração é descartável.

Acaba que, durante os 120 minutos de duração, a presença de Virginia serve apenas para mostrar que, apesar de Pablo ser um monstro, ele amava sua esposa e seus filhos acima de tudo, mas isso não é o suficiente para que o filme se sustente.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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