Quando se fala em comédia nacional muita gente já torce o nariz e vira a cara. Mas, querendo ou não, são esses filmes que chegam com mais facilidade aos cinemas de shopping. Alguns até conseguem destaque, como Minha Mãe é Uma Peça 2 – maior bilheteria nacional da história – outros, porém, são grandes desastres que ficam apenas uma semana em cartaz ou até menos.
Ao menos, nosso cinema tem arriscado em outros gêneros, como nos recentes Ritual e Motorrad – A Trilha da Morte no terror, sem falar em outros filmes elogiados não só aqui como lá fora também em 2017, como Bingo: O Rei das Manhãs (nosso pré-selecionado para o Oscar), Como Nossos Pais (vencedor em Gramado) e As Boas Maneiras (vencedor do Festival do Rio). Só que nenhum desses gêneros chegam aos nossos cinemas como as comédias, e Roberto Santucci parece ser um dos poucos diretores que tem conseguido se manter com elas.
Diretor de Até que a Sorte Nos Separe, De Pernas pro Ar e o Candidato Honesto, Santucci chega dessa vez com outra comédia escrachada típica do brasileiro: Os Farofeiros. Na história, acompanhamos vários colegas de trabalho e suas famílias que rumam numa viagem para a praia a fim de curtir o feriado prolongado. Porém, tudo o que tem pra dar errado vai dar, é a típica farofada brasileira.
Santucci afirmou na coletiva de imprensa, logo após a exibição do filme, que filmes de viagens são praticamente um subgênero do cinema norte-americano, sendo Férias Frustradas o pioneiro, e ele quis fazer algo com a cara do brasileiro, um povo que viaja tanto para a praia, mas um tema pouco explorado no cinema. E ele tem razão. Agora, se o filme é bom ou não, são outros quinhentos.
A representação do brasileiro começa logo na escalação do elenco, talvez mais identificável pelos cariocas. Existem os burgueses da zona sul do Rio, interpretados por Danielle Winits (Ninguém Entra Ninguém Sai) e Antônio Fragoso (Os Normais: O Filme), e também o casal do subúrbio, interpretados por Cacau Protásio (Gostosas, Lindas e Sexies) e Maurício Manfrini.
O elenco agrada no geral, apesar de Winits e Protásio gritarem na maior parte do tempo e Manfrini ainda carregar trejeitos de seu principal personagem, o Paulinho Gogó. Sobra para Fragoso equilibrar a coisa, pois sabe que não é comediante e não abusa de sua veia cômica.
Apesar de diversas bobagens típicas do gênero, principalmente no começo, onde o filme está repleto de piadas fora do tom, logo ele entra nos eixos e segue sim pelo caminho do politicamente incorreto, algo que Danilo Gentili tentou com seu longa Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola, mas fracassou.
Além disso, Santucci brinca com a linguagem cinematográfica e gera momentos que encantarão os cinéfilos. Nada digno de um Saneamento Básico: o Filme, mas bem sacado na trama, fazendo de Os Farofeiros uma sessão descompromissada para a família, acima da média das bobagens que a Globo Filmes produz todo ano.
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