Review | Pacto de Sangue (Primeiras Impressões)

Buscando ser uma alternativa às produções audiovisuais do conglomerado Globo, às atrações de cunho religioso feitas pela Rede Record e aos remakes infantis capitaneados pelo Homem do Baú, o canal fechado Space, pertencente à produtora Turner, decidiu investir no mercado nacional de dramaturgia: assim surgiu Pacto de Sangue, seriado dividido em oito episódios, que começa a ser exibido hoje, 27 de agosto, no canal. O Nerd Interior já assistiu ao primeiro capítulo e deixa suas impressões.

A história começa quando acompanhamos uma incursão do jornalista Silas Campello (Guilherme Fontes), ao lado de seu irmão Edson (Adriano Garib), ao interior da favela mais perigosa de Belém do Pará. Lá, eles têm uma entrevista marcada com o traficante Marley, que promete contar toda sua vida na frente das câmeras da TV. Só que nem tudo ocorre como planejado, e o traficante é executado a tiros.

Daí em diante, vão sendo apresentados os demais personagens e ramificações da trama: há o núcleo familiar do próprio Silas, onde temos sua filha, que foi internada em uma clinica de reabilitação, e a esposa, aparentemente “vítima” de um marido ocupado demais com o trabalho. Acompanhamos também o embate entre Silas e o apresentador de um programa popular onde ele trabalha (Fúlvio Stefanini), que parece não aceitar muito bem o recente sucesso do repórter.

Temos ainda, em São Paulo, o policial incompetente e despreocupado, afundado em vícios, que recebe uma última chance de seu chefe ao ser enviado para Belém acompanhar o sumiço de uma garota; e temos o policial corrupto, vivido por Paulo Miklos, que desvia produtos apreendidos pela polícia e os revende ao submundo do crime. Há ainda a figura de Mel Lisboa, espécie de guru de uma seita pagã, bem como Trucco, interpretado por Jonathan Haagensen, chefão do tráfico local – com quem a personagem de Mel Lisboa mantém um relacionamento. Olhando a primeira vista, parece um belo emaranhado de clichês, certo? E realmente foi essa a impressão que o primeiro episódio deixou.

Técnica

Tanto a trama, quanto as caracterizações, diálogos e personalidades, pareceram algo digno de uma novela das 21h da Globo – o que só é reforçado pelo fato de muitos dos rostos serem conhecidos exatamente por essa área de atuação. A trama tem espaço para evoluir e crescer além do óbvio – bem como fugir da canastrice de alguns personagens. O fato do personagem Silas “forjar” algumas de suas notícias pode render boas discussões na trama, bem como sua relação com a filha adicta e o irmão e sua relação com o crime organizado. Ainda vai ser introduzida na trama a seita pagã, o trafico de mulheres, e outros assuntos que também podem gerar boas situações em que sejam discutidos valores éticos e morais, tanto dos personagens quanto da sociedade.

A parte técnica deste primeiro capítulo da trama é bem competente, a direção de câmeras é eficaz. A trilha sonora, embora não seja nada muito original, busca ressaltar e diferenciar os locais em que  a trama vai se desenvolvendo – músicas mais aceleradas e urbanas enquanto a história se desenvolve em São Paulo, e um pouco de música tradicional paraense enquanto acompanhamos os personagens do norte brasileiro.

De positivo, podemos ressaltar também o fato da série ser ambientada (principalmente) fora dos grandes centros urbanos nacionais, o que serve como oportunidade para que mais da cultura da região norte nos seja apresentada – seja na linguagem, no modo de se vestir, nos costumes. Inicialmente, pouco disso foi explorado, mas há sempre a possibilidade de que esse leque cultural seja expandido.

Toda iniciativa nacional deve ser incentivada, pois só a expertise vai trazer a qualidade que tanto exigimos de nossas produções tupiniquins. Por isso, e pelo potencial que a série deixou em aberto após o final de seu primeiro episódio, fica aqui o meu interesse em prosseguir acompanhando a trama.

A série Pacto de Sangue é uma criação de Lucas Vivo, com direção do brasileiro Tomás Portella e do uruguaio Adrián Caetano e roteiro do argentino Patrício Vega e colaboração de Ricardo Grynszpan. A série é uma coprodução do canal Space com a Intro Pictures, e conta com oito episódios de 45 minutos cada.

A estreia acontece hoje, 27 de agosto, com a exibição de um episódio duplo sem intervalos comerciais. Os novos capítulos vão ao ar sempre às segundas, a partir das 22h30, com reprises às quartas, às 21h.

 

*Este review foi feito a partir de um episódio gentilmente cedido pela assessoria de imprensa do canal Space/Turner

Alexandre Fernandes

Pai do Yuri Rafael, sou só um cara de meia idade que reclama bastante, mas não ao ponto de perder o bom humor. Nostalgia é meu sobrenome, e sim: gosto muito de cultura pop, filmes, séries, música, animes e mangás, videogames e tudo isso aí que faz um nerd. Mas não sou nerd, eu juro.

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