Review | Slender Man – Pesadelo Sem Rosto

Desde os primórdios do cinema, o terror se tornou um dos gêneros mais visitados. O medo é algo inerente ao humano, por isso, colocar qualquer coisa aterrorizante na tela é muito fácil. Porém, cair nos clichês do gênero é tão perigoso quanto. Entra ano e sai ano, os filmes de terror costumam figurar nas listas de melhores e piores. Se em 2018 já tivemos Hereditário e Um Lugar Silencioso, que agradaram público e crítica, contamos também com exemplares como Medo Viral e este Slender Man – Pesadelo Sem Rosto, fortes candidatos a piores filmes da temporada.

Talvez o maior problema de Slender Man – Pesadelo Sem Rosto seja exatamente tornar palatável uma mitologia (abordada no documentário Cuidado com o Slenderman, de 2016). Contudo, conforme a história se desenrola, o diretor Sylvain White (Os Perdedores) abandona tudo para tornar a produção um amontoado de atitudes estúpidas e clichês desgastados. Assim, sai o horror psicológico e entra os jumpscares, a trilha alta e estridente e as sombras e vultos nos cantos da tela. Pior, impossível.

Na história, quatro garotas realizam um ritual na internet que supostamente invoca o Slender Man. Após assistir ao vídeo que contém diversas imagens aleatórias e uma luz piscante, elas retornam às suas rotinas, mas uma das garotas desaparece e as demais passam a acreditar que a tal lenda é verdadeira.

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Desperdícios

O elenco juvenil composto basicamente por meninas, algumas até bastante conhecidas, como Julia Goldani Telles (da série The Affair)Joey King (7 Desejos) e Annalise Basso (Ouija – Origem do Mal), encontra pouco espaço para escapar das típicas atuações do terror: caras horrorizadas olhando para o nada, gritos e muita correria. Além disso, o roteiro com frases expositivas e nada convencionais não ajuda em nada para que possamos simpatizar com as personagens.

Outro desperdício do elenco é Javier Botet, tão acostumado a interpretar monstros e assombrações em produções recentes – ele foi a menina Medeiros em REC (2007) e a mãe em Mama (2013) – aqui, como o Slender Man, não se nota o trabalho do ator, fazendo de sua criatura apenas mais um monstro digital que faz o que quer para assustar as garotas, sem que saibamos o porquê, de onde ele vem e qual é seu modus operandi, afinal, em certa cena, ele se transforma até em uma espécie de aranha gigante.

Nem mesmo a crítica às redes sociais e ao uso exagerado da internet funciona. Assim como Medo Viral (2016) e Pulse (2006), nota-se o uso constante de aparelhos celulares e computadores – até o próprio Slender Man utiliza esses aparelhos para atacar – porém, tudo é ‘jogado’ na história em cenas que simplesmente não funcionam e não nos ajudam a compreender as razões de Slender Man.

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Talvez a única coisa que se ‘salve’ no meio de tanta bagunça seja o vídeo onde o Slender Man é supostamente invocado, onde nota-se um quê do surrealismo de Salvador Dalí. Mas a adaptação desta lenda peca exatamente por não saber quais caminhos trilhar para dar identidade à entidade.

Ao final, o mito criado na internet é completamente afetado pelos clichês de um gênero desgastado. Se a ideia parecia boa, a execução é completamente sofrível. Fuja!

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