Review | A Grande Muralha

A Muralha da China é uma das sete maravilhas do mundo moderno e possui diversas lendas acerca de sua construção e história. Em A Grande Muralha, o visionário diretor chinês Zhang Yimou (O Clã das Adagas Voadoras), conta uma dessas histórias envolta de muita fantasia e ação.

Yimou é um consagrado diretor em seu país de origem, sendo um dos precursores do “cinema novo” chinês e tendo dirigido diversas produções em sua terra natal – inclusive a abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Uma forte marca de seus filmes é o seu apuro técnico no trato das cores, deixando a experiência visual sempre fascinante.

Em A Grande Muralha, dois mercenários estrangeiros – vividos por Matt Damon (Perdido em Marte) e Pedro Pascal (Game of Thrones) – fogem de saqueadores e se deparam com a Grande Muralha. Lá, são aprisionados em meio a uma grande batalha entre a Ordem Sem Nome (soldados bem treinados que defendem a Muralha) e monstros inteligentes que tentam invadir os muros que protegem a China, em meio a tudo isso, a dupla tenta achar um modo de roubar um famoso pó negro que os chineses tratam como grande segredo.

A história é bem simples e não utiliza de muitos artefatos para surpreender o espectador, o filme não passa de um exemplar de cinema pipoca hollywoodiano e totalmente diferente de tudo o que Yimou já fez. Mesmo assim, aqui ele ainda consegue produzir algumas cenas de batalha bem coreografadas e um certo visual estético, principalmente nas cenas em campo aberta do território chinês (pena que são poucas) e na primeira cena de preparação do exército para o ataque aos monstros – nesta, a dança das cores dos uniformes dos soldados é bem bonita de se ver. A trilha sonora ajuda a conduzir as cenas de batalha e é bem colocada, não é invasiva e segue bem o ritmo do filme – as cenas dos tambores ecoando são ótimas.

A sintonia entre Damon e Pascal é digna de algum seriado norte-americano policial dos anos 80, parece que nem eles mesmos se levam a sério e soltam diversas piadinhas antes de agirem, bem pastelão. No começo pode irritar um pouco, mas a partir do instante em que a ação começa isso se torna menos corriqueiro e dá pra suportar numa boa. Willem Dafoe (Homem Aranha), uma espécie de prisioneiro mais antigo do local, é totalmente descartável e só está ali como muleta para as explicações que a história precisa. No elenco chinês, o destaque fica para Jing Tian (O Mestre dos Jogos) – a General Lin, uma líder guerreira – sua atuação é correta e seu rostinho consegue encantar os marmanjos.

O CGI é o ponto fraco do filme, deixando algumas cenas muito artificiais. Os monstros, tão importantes nas cenas de batalha, parecem com qualquer coisa retirada dos episódios I, II e III de Star Wars, tanto esteticamente quanto digitalmente.

Por se tratar de uma produção dirigida por Yimou, talvez muitos fãs do cineasta esperassem outra coisa. Porém, fica claro que Hollywood pesou no resultado final do filme. Alguns verão isso como demérito, outros conseguirão superar e aproveitar o filme como ele é: pura diversão.

 

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