Confesso que não conhecia a história do cartunista John Callahan (interpretado por um versátil Joaquin Phoenix), então fui sendo pego de surpresa desde o início com os eventos que se misturavam nas idas e vindas da trama.
O estilo do qual Gus Van Sant (Paranoid Park) se utiliza em sua narrativa é irreverente e desafiador sem confundir o espectador. Somos obrigados a ir encaixando as peças sem nos apegarmos ao efeito comum de outras cinebiografias: “fulano é assim por tal motivo” ou “tal motivo levou fulano a ser assim”.
Van Sant se apega a este enredo não-linear para fugir do clichê das cinebiografias que desenvolvem os personagens por meio de acontecimentos pontuais com começo, meio e fim e também para dar força a estes personagens, sem amarra-los a tais eventos. Se por um lado ele se desfaz dessa facilidade para desenvolve-los, por outro ele se apega fortemente aos discursos motivacionais que fazem parte de outros protagonistas de sua exímia filmografia.
O elenco está ótimo e em sintonia, todos os momentos e falas de cada um dos personagens são oportunos, embora alguns deles não sejam tão explorados quanto mereciam. Jack Black (Jumanji: Bem-vindo à Selva) mesmo com pouco tempo de tela, consegue nos tirar bons risos, Jonah Hill (O Homem que Mudou o Jogo) surpreende como um líder espiritual sério sempre com boas palavras, já Rooney Mara (Carol) tem a personagem menos desenvolvida e que acaba devendo, embora sua presença seja reconfortante tanto para o espectador quanto para Callahan.
Ao final, A Pé Ele Não Vai Longe passa uma mensagem positiva de que é preciso se apegar àquilo que te mantém vivo e em paz, mesmo que você esteja na pior das situações. A maneira que Callahan encontrou para superar um grave acidente e perdoar a todos ao seu redor foi com seus desenhos polêmicos que continuaram fazendo de Callahan um idiota aos olhos de alguns, mas o importante era sentir-se bem consigo mesmo.
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