Review | Minha Vida em Marte

A peça Os Homens são de Marte… E é pra lá que eu vou (2005-2016) é um divisor na carreira da atriz e autora Mônica Martelli. O sucesso alcançado pela criação da atriz transformou sua alter-ego Fernanda numa das personagens cômicas mais conhecidas e queridas pelo grande público.

Sucesso no teatro, na televisão e no cinema, Mônica sabe que sua mais famosa personagem ainda tem muito o que dizer. Minha Vida em Marte pega carona no sucesso do primeiro filme de 2014 e chega aos cinemas nesse finalzinho de ano prometendo novas risadas.

Adaptada da peça Minha Vida em Marte – atualmente em cartaz – o novo filme se dispõe a mostrar um outro momento da vida de Fernanda, a de mulher casada. Se para muitos o matrimônio é o ápice do amor entre duas pessoas, para Fernanda é motivo para continuar seus questionamentos e suas inseguranças provocadas por um casamento desgastado.

Fernanda é uma mulher com seus 45 anos, casada com Tom (Marcos Palmeira) e mãe de uma filha pequena. Vivendo uma crise conjugal em que ambos parecem ter perdido o interesse mútuo, o casal se divorcia e Fernanda encara o processo de se adaptar à vida de solteira e lidar com inseguranças provocadas pela separação.

O texto de Mônica é universal, faz parte do nosso dia a dia e por isso existe uma identificação imediata. Minha Vida em Marte dialoga muito bem com vários tipos de plateia, por mais que fique explicito que Mônica quer mesmo dividir sua intimidade com outras mulheres.

Na busca da felicidade e do amor, Fernanda tem o inseparável amigo Aníbal (Paulo Gustavo). Juntos a dupla promovem uma série de situações cômicas, brincando com acontecimentos cotidianos. Diferente do que foi visto no filme anterior onde a vida amorosa de Fernanda era sempre o tema principal, neste novo filme o leque de opções se abre um pouco mais. A presença de Paulo Gustavo é um indicador fácil de sucesso, mas o filme toma o cuidado de não deixar que ele roube a cena.

Com uma química que extrapola a tela, Mônica e Paulo conseguem fazer o público rir durante todo o tempo que estão em cena. O roteiro é feito sob medida para a dupla brilhar. O exagero ronda por diversas vezes o filme, principalmente quando dá brechas para o improviso de Paulo Gustavo. Algumas cenas são desnecessárias dando a impressão de serem mais esquetes de humor do que uma parte integrante do filme.

Pensando em proporcionar mais uma série de gracinhas da dupla, o roteiro não equilibra o tempo dedicado a cada uma das etapas que compõe a transformação da vida de Fernanda. Existem falhas nesse processo, por isso muita coisa não é mostrada com naturalidade, prefere-se sempre o caminho mais fácil. A direção inexperiente de Susana Garcia também é um mau indicador, permitindo que o filme perca o ritmo em alguns momentos.

Num ano fraco para a comédia nacional, Minha Vida em Marte é o último respiro de uma produção nacional atrás de uma grande bilheteria. Mesmo com problemas na narrativa, acaba cumprindo bem seu papel e diverte bastante. O final reserva um discurso inspirador sobre amizade que dá uma nova expectativa para toda a história e para uma provável continuação.

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