Review | Avengers

Quando Avengers foi anunciado em 2017, em parceria entre Marvel e Square Enix, as expectativas para o projeto tornaram-se altíssimas, já que os Vingadores ainda não possuíam um jogo relevante. Some a isso o fato da principal equipe da Cada das Ideias ser um nome forte da cultura pop, principalmente após o sucesso dos longas-metragens de 2012 e 2015. Com tanta expectativa, o hype cresceu. Mas será que conseguiram?

A história que a desenvolvedora Crystal Dynamics trouxe para Avengers é diferente de qualquer outra contada nos quadrinhos – sem descaracterizar tais obras, é claro – e também se distancia de todos os filmes da franquia. Talvez essa seja a melhor parte do jogo. Por outro lado, sendo um game de mundo aberto, não faltariam histórias para rechear o modo Campanha, certo?

O enredo principal se passa cinco anos após o A-Day (Dia dos Vingadores), em que uma tragédia resultou na morte do Capitão América e transformou os Vingadores em culpados pela destruição.

Aqui conhecemos o segundo acerto do jogo: colocar a Ms. Marvel dos quadrinhos – nome heroico de Kamala Khan – como personagem principal deste novo capítulo dos Vingadores. A Inumana, que tem superforça e a habilidade de esticar seu corpo, se torna figura central de uma trama que tem relação direta com o vilão MODOK.

Kamala é uma excelente escolha, exatamente por ser uma personagem relativamente nova, mas muito querida pelos fãs nas HQs, e que nunca esteve em um filme. Tenho certeza que temos aqui o dedo da toda poderosa Marvel, que possui o incrível poder de incluir certos personagens em algumas mídias para que o público possa se familiarizar com suas particularidades. E olha que coincidência: nos próximos anos, a Ms. ganhará uma série na Disney+.

Rumos

Jogar com Kamala também significa surpreender-se, já que todos conhecemos os Vingadores e seus poderes. Aos poucos, conhecemos mais de Ms. Marvel, seus poderes e habilidades, que nos permitem encontrar peças-chave para o decorrer da Campanha.

No entanto, o encanto dura pouco e a aventura deixa a desejar por vários motivos. O primeiro: a história não dura muito, principalmente se o jogador escolher fazer apenas as tarefas obrigatórias do jogo. Em menos de oito horas, o ‘chefão’ é vencido em uma batalha nada instigante.

Tendo em vista o peso da franquia e os preços dos jogos nos últimos anos, a construção de Avengers parece preguiçosa. Ao final do modo Campanha, você pode voltar para fazer novas tarefas, melhorar as habilidades dos personagens e liberar mais skins. Além disso, em breve devemos ter anúncios de novos heróis e DLCs com novas missões. Mas nada disso faz valer a rápida experiência que serve como base para o jogo.

Vale lembrar que Avengers teve seu lançamento adiado de abril passou para setembro de 2020 e pelo visto, a Crystal Dynamics precisava de mais tempo para consertar alguns dos problemas que encontramos. Comprei o jogo em unidade física – mais barato que a versão digital, inclusive – e no PlayStation 4 ele travou três vezes no decorrer da Campanha, principalmente quando o jogo exibia lutas grandes com todos os heróis, o que exige um gráfico mais construído. Isso nunca aconteceu com nenhum outro título.

Mas os problemas não pararam por aí. Muitas vezes, as falas dos heróis estavam no áudio original em inglês, e foram dezenas de vezes que um personagem não se mexia enquanto a história era contada. Depois de uma semana do lançamento, o jogo recebeu uma atualização. As pequenas falhas diminuíram, mas não foram totalmente resolvidas.

Alguns erros gráficos são perdoáveis, principalmente se tratando de um jogo online, mas esses que relatei me fizeram perder a atenção e arruinaram a jogabilidade. Mas não termina aqui. Durante toda a experiência, parei de contar as vezes que a câmera em terceira pessoa se perdeu totalmente.

O herói e os inimigos ficavam para atrás e era difícil entender onde ele estava e como direcionar a câmera para recuperar a jogabilidade naquela cena. Um daqueles erros que eliminam a vontade de continuar jogando. Mas se isso ainda não te convenceu, saiba que nem todos os golpes aconteciam de forma efetiva e em alguns momentos, a skin do personagem mudou sem explicação ou escolha do jogador. Eu, neste caso.

Os inimigos também são pouco desafiadores. Durante a Campanha, vemos a A.I.M. fazendo muitos testes em Inumanos e criando robôs (nossa, que original), os mesmos que vemos do início ao fim do jogo. Com tantos vilões principais e secundários na lista da Marvel, será que ninguém pensou em encaixá-los na história? Nem menos o vilão principal da trama do jogo, MODOK, é respeitado, já que ele quase não aparece.

Positivo

Mas Avengers não se resume a problemas. De modo geral, os gráficos são excelentes e os detalhes dos uniformes e cenários de luta são bem construídos. Os olhos e cabelos dos personagens poderiam ficar um pouco melhor, mas não é algo que estrague a experiência.

Por falar em personagens, é possível combinar os poderes de todos eles e em certos pontos, isso é obrigatório. No decorrer do jogo, os pontos de poder aumentam e você pode deixar seu Vingador preferido mais poderoso, já que cada um deles tem uma característica marcante.

Em cada personagem, a sequência de golpes é diferenciada. Kamala Khan, com sua super força e aumento do corpo, faz os robôs da A.I.M irem longe. O Hulk tem muitos saltos e socos fortes, a destruição está garantida em toda briga. A Viúva Negra é a personagem mais rápida, com habilidades e equipamentos dignos de uma espiã bem treinada.

O Homem de Ferro volta às origens com os propulsores feitos à mão, mas quando ganha sua armadura, fica muito fácil e divertido de concluir qualquer missão. O personagem mais forte e o que menos usamos no decorrer do jogo é o Thor, talvez porque os poderes dele sejam potentes demais – o que é triste, porque é lindo de se ver em cena. Arriscaria inclusive dizer que, futuramente, podemos ter alguma fase do Deus do Trovão em Asgard (ou é só meu lado fã querendo isso).

As missões podem ser disputadas com até quatro jogadores ou a ajuda de jogadores online após a conclusão da história. Isso me faz crer em um potencial futuro para o jogo, uma vez que essa interação é sucesso em outros títulos como Call of Duty: Warzone. A era dos Squads é real e nada melhor do que ter isso em Avengers, pois estamos falando de uma das equipes mais famosas do mundo.

A Campanha simples e rápida e os erros de jogabilidade podem afastar muitos gamers da experiência de ser um Vingador. Para se ter uma ideia, em duas semanas o jogo recebeu três atualizações para reparos. No entanto, como fã destes personagens, espero que a Square Enix corrija tais obstáculos e desenvolva novas histórias que agreguem. Talvez, quem adquirir o jogo futuramente não encontre os mesmos erros.

Vale lembrar que, em breve, os donos de PS4 poderão jogar exclusivamente com o Homem-Aranha e em novembro, Clint Barton, o Gavião Arqueiro, e sua filha Kate Bishop chegam com novas missões para todos os consoles. As atualizações podem aumentar um pouco a esperança de não termos um jogo que vai ficar esquecido na prateleira.

Atenção, Marvel. Atenção, Square Enix. Nos quadrinhos, os Vingadores já contaram em sua formação com centenas de heróis ao longo do tempo. Que o jogo se agarre nessa ideia, aproveite melhor os personagens e enfim, ganhe o devido destaque.

 

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E agora, algumas cenas pós-credito (sem SPOILERS 😂):

Diego Campos https://www.youtube.com/channel/UCIU1IL8vpkOftoEovefm4tA

Fã absoluto dos X-MEN, ama tudo sobre super-heróis, vive no mundo das séries, espera os créditos dos filmes, faz as suas anotações nos próprios livros, não dispensa uma boa HQ e é um gamer com péssima mira.

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