O diretor Roman Polanski precisa se reinventar. A maioria de seus filmes sempre trouxe personagens que viviam enclausurados em suas próprias paranoias, como na famosa trilogia do apartamento: O Bebê de Rosemary, O Inquilino e Repulsa ao Sexo. Porém esses três exemplos fazem parte do auge do diretor que, hoje em dia, já não tem mais o mesmo brilho de seus dias gloriosos.
Em Baseado em Fatos Reais essa abordagem paranoica não é diferente, com um roteiro de Olivier Assayas (Personal Shopper) baseado na obra homônima de Delphine de Vigan, a forma com que Polanski desenvolve a trama – já bem batida no cinema – deixa tudo ainda mais previsível e cansativo para o espectador.
No longa, Delphine (Emmanuelle Seigner de Busca Frenética) é uma escritora que enfrenta dificuldades criativas após o lançamento de seu recente livro enquanto sofre com a influência de uma admiradora obsessiva chamada L. (Eva Green de Os Sonhadores).
Por ser baseado em um livro, talvez o excesso de adaptação possa ter prejudicado o formato. Polanski não arrisca em nada, parece engessado a um estilo de cinema que fazia sucesso na década de 90 e, por mais que suas protagonistas tenham atuações sólidas, há excesso em Eva Green em alguns momentos, o que não se vê em Kathy Bates no semelhante Louca Obsessão.
Há certa tensão sexual entre as personagens que, se deixa o espectador antenado a princípio, logo isso se perde com o desenrolar da história, pois Polanski prefere nos envolver em uma trama que dá diversas reviravoltas e que não têm impacto algum. O filme basicamente é um jogo de paranoia onde Delphine se vê envolvida, mas que conta muito com a ajuda falha da trilha e da presença imponente de Eva Green em alguns momentos.
Realmente há pouco a se destacar em Baseado em Fatos Reais, porém, fica como dica um filme de 2017 chamado Scary Mother, pré-candidato da Georgia ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2018, que consegue ser muito mais metalinguístico, angustiante e envolvente do que este novo e fraco trabalho de Polanski.
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