Review | Burnout Paradise Remastered

Em 2008, Burnout Paradise chegou aos videogames e virou do avesso a forma como as pessoas jogavam títulos de corrida. Até ali, quem gostava de acelerar bólidos por ruas lotadas de outros veículos transitando aqui e ali precisava aceitar que o jogo o guiasse. Eram setas e caminhos traçados indicando exatamente onde você, jogador, deveria ir e o que precisava fazer ou você corria em um circuito fechado. Burnout Paradise, por sua vez, nunca te pegou pela mão. Ele simplesmente te dava um carro e dizia: “Vá lá! Brinque em Paradise City”.

Dez anos depois dessa utopia em quatro rodas, a EA achou que seria o momento de lançar Burnout Paradise Remastered, um pacote completo com todas as DLCs e recheado de velocidade em 4K e 60 FPS se você for um feliz dono de PS4 Pro ou Xbox One X. E, assim como um Jurassic Park dos videogames, percebemos que o prazer de pilotar em Burnout Paradise não envelheceu nadinha.

Jogando agora, uma década após seu lançamento original, é possível perceber o quanto o título mais proeminente da Criterion influenciou os jogos de corrida como conhecemos hoje. Os colecionáveis da série Forza Horizon são nitidamente retirados daqui. A carnificina sobre rodas do menos conhecido Split/Second são notoriamente um fruto do espetáculo hollywoodiano proporcionado por Burnout. Há um pouco de Burnout Paradise em tudo que jogamos hoje quando o assunto é jogos de corrida.

A versão remaster não traz nenhuma mudança significativa em questão de jogabilidade, mecânicas, mundo existente ou estrutura de jogo. E isso só corrobora com o fato de como Burnout Paradise ainda é bom, mesmo tantos anos após seu debute. Muitas pessoas, pelo contrário, podem dizer que algumas coisas no título denotam sua idade, como a falta de uma viagem rápida para pontos desejáveis no mapa e que, se o jogo fosse lançado nos dias de hoje, provavelmente possuiria em sua jogabilidade.

No entanto, os defensores dessa ideia esquecem que o principal atrativo de Burnout não é saltar de evento em evento disponível pelo mapa, mas sim, tudo o que existe no caminho enquanto você transita de um desafio ao outro por Paradise City. São inúmeros colecionáveis, carros para adquirir, entre outras coisas. Outro indicador de que a Criterion quer mais é que você deguste a cidade são os locais disponíveis para se trocar de veículo. Eles são escassos e bastante espalhados pelo mapa, obrigando o jogador a ir até lá com as próprias pernas (ou rodas, no caso).

Há muita coisa para se fazer em Paradise City. Os eventos se dividem em corridas normais, que possuem um ponto de partida e um ponto de chegada; Marked Man, uma corrida de sobrevivência em que outros veículos tentam te tirar da jogada a todo custo; Burning Route, corridas feitas com carros específicos que possuem checkpoints; Road Rage, corridas em que seu objetivo é tirar da pista um número específico de veículos e Stunt Run, desafios em que você precisa pontuar um determinado número de pontos ao realizar manobras.

Em todos estes eventos, a sua criatividade e poder de reação são colocados a prova. Não há uma seta indicando para você qual caminho tomar (apesar do jogo te dar dicas, obrigado Avanzo!). É você que decide para onde ir a fim de chegar o mais rápido possível ao destino estipulado no evento. Portanto, ser criativo é importante para garantir que você explore o mapa como se deve, descobrindo atalhos e caminhos alternativos e sendo recompensado pelo sistema do jogo, com a vitória, claro, e alguns colecionáveis existentes somente nesses desvios. Ah, o poder de reação? É importante porque em Burnout os carros não andam, voam!

Enfim, Burnout Paradise Remastered não traz nada de novo, mas também não precisa. Ao oferecer aos jogadores a mesma experiência de dez anos atrás, com a novidade de já no início da jogatina você possuir inúmeras opções de carros disponíveis que antes chegavam via DLC, a Criterion prova que em time que está ganhando não se mexe.

 

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Rodrigo Gatti http://www.nerdinterior.com.br

Jornalista que não faz mais jornal. Nem é tão nerd, já que sabe até dançar. Lembra com avidez da época em que alugava De Volta para o Futuro nas famigeradas locadoras. Filho da era 16 bits, tem saudade do tempo em que sua maior preocupação era saber se o combustível do carro vermelho em Top Gear iria durar até o final da corrida. Hoje, seu maior problema é pagar contas com o salário de jornalista.

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