Review | Linkin Park – From Zero

Se você tem mais de 30/35 anos e acompanha o cenário musical, já sabe que o Linkin Park voltou, com uma nova vocalista – a ótima Emily Armstrong, da interessantíssima Dead Sara. Com a chegada da moçoila de madeixas loiras, foi anunciado um novo álbum, que marcaria, também, um novo marco na carreira da banda: um recomeço, depois do falecimento de Chester Bennington, vocalista original – e a grande figura da banda.

Dado esse contexto e intenção da banda, nada mais apropriado do que intitular a sua mais recente obra como “From Zero”. No entanto, depois de algumas audições nesta curta obra, fica bastante claro que nem tudo aqui está realmente vindo do nada…

 

Essa vocalista manda bem demais, não?

Eu até poderia dedicar algumas linhas do meu texto para lembrar aos marmanjos de plantão o quão vergonhoso é ficar remoendo mágoas publicamente na internet por conta da sua banda favorita ter trocado de vocalista. Sim, tem a identificação, o fato de Chester ser um dos maiores e mais influentes do gênero, mas sinceramente? A banda é um CNPJ, o trabalho de quem está ali: composto de pessoas que têm as suas vontades e aspirações, e nada mais comum do que seguir adiante, respeitando tudo o que foi feito, mas seguindo. Mas não.

Emily foi uma excelente escolha. Seu vocal cheio de  drive e agressividade caiu como uma luva para as novas composições – e é somente delas que vou falar aqui.

Aliás, quando se trata das composições, fica cada vez mais escancarado o que sempre rolou no Linkin Park: a banda é o parque de diversões do Mike Shinoda, vocalista/guitarrista do grupo. Ele é quem dita as regras, sempre: inclusive, algumas das canções aqui soam bastante condizentes com o que ele vinha fazendo em sua carreira solo.

Portanto, já vale dizer logo de cara: não espere inovação. A receita é a mesma de sempre, com um rock que alterna momentos vigorosos, quase flertando com heavy metal e hardcore em alguns momentos, para pitadas bastante caprichadas de incursões eletrônicas e sonoridade pop. Mas também não venha querendo ouvir um Hybrid Theory 2.0 – muito embora, em alguns momentos, sejam feitas algumas revisitas à essa época.

A nova formação do Linkin Park
A nova formação do Linkin Park

 

Nem tão “from zero” assim…

O setlist é bem curto e direto, assim como as canções. São 30 minutos, divididos entre 10 músicas e uma introdução. Não que o LP seja um abanda com um catálogo reconhecido pela grande extensão das músicas, mas fica bastante óbvio a adequação a um mercado fonográfico (ainda usamos essa?) que se curva diante de trends de Tik Tok e a hypervelocidade e falta de foco que acomente a maioria de nós, seres da era digital.

Dito isto, temos um apanhado de boas canções, quase que pinceladas manualmente no esquema: música mais agitada -> música mais calma -> música mais agitada

Ficam o destaque para os singles apresentados anteriormente, como The Emptiness Machine, Heavy Is The Crown e a mais recente Two Faced – essa sim uma viagem no tempo, reminiscente do início dos anos 2000, numa mistura de One Step Closer, do primeiro álbum, e Figure.09, do segundo (que completou 2 décadas ano passado). Se era isso que você esperava desde dois mil e faz tempo, está aí, com direito a “solo” de scratch e tudo mais.

Nessa linha mais nostálgica, vale ressaltar ainda as marotíssimas IGYEIH e Casualty, onde Emily segura o rojão mais do que bem. Inclusive, falando em performance vocal, vale dizer que Shinoda segue mandando bem quando canta, mas vai ainda melhor quando rima com a ferocidade amável (?) que o fazia nos primórdios da banda, e mesmo em seu grupo de rap Fort Minor.

Com relação aos demais integrantes da banda, a performance soa bastante coesa, mas comedida – uma tônica obstante comum a carreira da banda. Ninguém chama a atenção demais, ninguém deixa a desejar, para o que esse tipo de sonoridade pede.

Ao final, o saldo é positivo, e embora não seja um reinício do absoluto zero, “From Zero” parece uma continuação direta dos dois primeiros álbuns da banda e com certeza, passa a figurar no top 3 de sua discografia. Ótimo para os fãs, ótimo para os não fãs e péssimo para quem torcia contra.

Inclusive, amanhã a banda inicia sua turnê brasileira, com dois shows na capital paulista. E vale dizer que o primeiro deles, agendado para a exata data de lançamento do álbum, terá transmissão no Multishow, GloboPlay (válido também para não assinantes –  é só clicar neste link aqui e acompanhar, na faixa, meus consagrados) e YouTube da própria banda, para outros países, a partir das 20h15 deste dia 15/11.

Alexandre Fernandes

Pai do Yuri Rafael, sou só um cara de meia idade que reclama bastante, mas não ao ponto de perder o bom humor. Nostalgia é meu sobrenome, e sim: gosto muito de cultura pop, filmes, séries, música, animes e mangás, videogames e tudo isso aí que faz um nerd. Mas não sou nerd, eu juro.

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