20 anos de ‘Meteora’, do Linkin Park

Calças largas, piercings no rosto, cabelos arrepiados ou bonés. Se ao visualizar essa descrição, você foi levado de volta a década de 2000, então esse artigo e seu objeto de análise podem falar diretamente com você.

Hoje, dia 25 de março de 2023, completo 36 anos de idade. No entanto, também é o aniversário de 20 anos de Meteora, um dos álbuns mais conhecidos e adorados da banda Linkin Park.

Considerado uma grande porta de entrada para o mundo da música pesada, o trabalho é até hoje um grande marco do controverso New Metal, gênero que atraía detratores e defensores na mesma intensidade.

Afinal, nada melhor do que um aniversário para ser atingido em cheio pela velha e boa nostalgia, certo?

 

O nascimento do Linkin Park

O Linkin Park em 2003, ano de lançamento do Meteora

A história do Linkin Park começa em 1996, quando três amigos de escola de Agoura Hills, na Califórnia, decidiram formar uma banda. Eles eram Mike Shinoda, Brad Delson e Rob Bourdon, que se juntaram para tocar música em uma banda. Logo depois, eles recrutaram Dave “Phoenix” Farrell como baixista e Mark Wakefield como vocalista.

Em 1998, a banda gravou e lançou sua primeira demo, intitulada “Xero”, que foi produzida por Don Gilmore. A demo teve pouca repercussão, mas chamou a atenção de Chester Bennington, um cantor de Phoenix, Arizona. Bennington se juntou à banda como vocalista e a banda mudou seu nome para Hybrid Theory.

Em 2000, a banda assinou um contrato com a gravadora Warner Bros. Records e mudou seu nome para Linkin Park. O nome foi escolhido como uma homenagem ao Lincoln Park em Santa Monica, Califórnia, onde eles costumavam se encontrar e ensaiar.

Em outubro de 2000, o primeiro álbum do Linkin Park, “Hybrid Theory”, foi lançado. O disco misturava elementos de rock, metal, hip-hop e eletrônica, e foi um grande sucesso comercial. O álbum vendeu mais de 10 milhões de cópias nos Estados Unidos e ganhou vários prêmios, incluindo um Grammy de Melhor Performance de Hard Rock em 2002.

Aliás, neste mesmo 2002, o Linkin Park lançou “Reanimation”, álbum em que reimaginou as canções do primeiro álbum em versões remixadas, além de algumas faixas inéditas. 

Em março de 2003, o grupo daria um passo em sua carreira que a consolidaria no cenário musical mundial.

 

O New Metal

No entanto, antes de nos aprofundarmos no lançamento de seu segundo álbum de inéditas, vale fazer um recorte cultural e musical sobre o movimento em que o Linkin Park estava inserido, e que se encontrava em seu auge na época: o famigerado New Metal.

Considerado por muitos um dos últimos grandes movimentos dentro do rock, o New Metal, também conhecido como Nu Metal, foi um subgênero do rock alternativo que surgiu no final da década de 1990 (ou no início, quando algumas bandas já se aventuravam inovando na mistura musical) e início dos anos 2000. Este estilo combinava elementos do metal, rap, hip-hop, funk e outras influências musicais.

No ano de 2003, o New Metal estava em seu auge de popularidade, com várias bandas de destaque na cena. Algumas dessas bandas incluíam o Linkin Park, que lançou o álbum “Meteora” naquele ano, e o Limp Bizkit, que havia lançado vários álbuns de sucesso nos anos anteriores.

Além disso, outras bandas do New Metal também estavam em destaque em 2003, como Korn, System of a Down, Slipknot, Papa Roach, Evanescence, Disturbed e Deftones. Essas bandas compartilhavam características comuns, como riffs de guitarra em afinações mais baixas e menos complexos, vocais gritados e melódicos em alternância, percussão forte, uso recorrente de DJs e inserções eletrônicas e letras que frequentemente abordavam temas como raiva, frustração e alienação.

Só para se ter uma ideia, em 2003 também foram lançados álbuns como Fallen, do Evanescence; Take a Look In The Mirror, do Korn; Payable On Death, do P.O.D.; Results May Vary, do Limp Bizkit; Seasons, do Sevendust; XIII, do Mushroomhead; Confession, do Ill Niño; Deftones, do Deftones e por aí vai.

No entanto, o New Metal também começou a enfrentar algumas críticas e backlash na época, com muitos críticos de música e fãs acusando o gênero de ser comercial demais, genérico e até infantil. Afinal, a conexão com a juventude era inegável.

Apesar disso, o New Metal continuou a ser um gênero popular na cena do rock alternativo por mais alguns anos, com muitas bandas ainda lançando álbuns de sucesso na primeira metade dos anos 2000. No entanto, com o tempo, o New Metal começou a perder popularidade, com muitas bandas se afastando do estilo ou se desfazendo.

 

Meteora

Foi dentro desse contexto que o Linkin Park lançou Meteora, trabalho que cimentou o sucesso alcançado até então e alçou a banda ao posto de um dos grandes nomes do gênero no mundo todo.

O álbum “Meteora” é o segundo álbum de estúdio da banda americana. Ele foi lançado em 25 de março de 2003 pela gravadora Warner Bros. Records.

O LP conta com 13 faixas, incluindo os singles “Somewhere I Belong”, “Faint”, “Numb” e “Breaking the Habit”. “Meteora” segue a fórmula do álbum anterior do Linkin Park, “Hybrid Theory”, com uma mistura de rap e rock, além de elementos de metal e eletrônica.

“Meteora” foi muito bem recebido pela crítica e pelo público, estreando em primeiro lugar nas paradas de vários países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido. O álbum vendeu mais de 27 milhões de cópias em todo o mundo e é considerado um dos álbuns mais bem-sucedidos da década de 2000.

Musicalmente, o álbum seguia à risca a mesma fórmula do primeiro álbum, unindo a força dos vocais de Chester, o rap de Mike Shinoda e uma série de riffs marcantes embalados por melodias bastante grudentas. Inovador? De forma alguma. Mas é aquilo, em time que está ganhando, não se mexe.

 

O impacto cultural e musical do álbum

O lançamento do “Meteora” em 2003 teve um impacto significativo na cultura e na música da época, tornando-se um dos álbuns mais icônicos do gênero New Metal.

Além de seu sucesso comercial, “Meteora” teve um impacto significativo na cultura popular. O álbum ajudou a popularizar o gênero New Metal, que já vinha ganhando popularidade desde o final dos anos 1990, mas atingiu seu auge na época do lançamento de “Meteora”. A banda Linkin Park se tornou um dos principais nomes do gênero, ajudando a definir seu som e estética.

O álbum também teve um impacto significativo na forma como a música era produzida e consumida. Com sua mistura de rock, hip-hop e eletrônica, “Meteora” ajudou a abrir caminho para uma nova geração de artistas que combinaram gêneros musicais de maneiras inovadoras. 

Na época, quem embarcou bastante nessa onda foi o chamado “post-grunge”, gênero que unia a sonoridade semelhante ao new metal com alguns toques de grunge e metal alternativo. Exemplos havia aos montes, como Nickelback, Hoobastank, Three Days Grace, Puddle Of Mudd, Staind, Shinedown, Cold e outros mais.

Isso sem falar em bandas mais novas, que hoje em dia buscam revitalizar o gênero, se inspirando diretamente na fonte – citando o próprio Meteora como grande inspiração.

‘Meteora’ também ajudou a popularizar a distribuição digital de música, com singles do álbum sendo disponibilizados para download em lojas online como a iTunes Store.

Além disso, o álbum teve um impacto emocional significativo em muitos fãs. As letras sinceras e emocionais de Chester Bennington, o vocalista da banda, tocaram os corações de muitos ouvintes que se identificaram com suas letras sobre angústia, isolamento e dor emocional – que mais tarde, descobriu-se ser, na verdade, um grande pedido de socorro. A música do Linkin Park ajudou a dar voz a uma geração de jovens que se sentiam desafiados pelas pressões sociais e emocionais da vida moderna.

 

O Linkin Park pós-Meteora

Após o lançamento do álbum “Meteora” em 2003, a banda Linkin Park continuou a ter um enorme sucesso comercial no mundo. Eles se tornaram um dos principais nomes do New Metal, e sua popularidade continuou a crescer com o tempo.

Em 2004, a banda lançou um álbum ao vivo intitulado “Live in Texas”, que foi gravado durante a turnê mundial em apoio a “Meteora”. O álbum apresentava gravações ao vivo de algumas das músicas mais populares da banda, incluindo “Numb”, “In the End” e “Crawling”. Ele alcançou o top 5 nas paradas de álbuns dos Estados Unidos e vários outros países.

Em 2007, a banda lançou seu terceiro álbum de estúdio, “Minutes to Midnight”. Este álbum marcou uma mudança significativa no som da banda, com um foco mais forte em instrumentação ao vivo e uma abordagem mais experimental em termos de composição de músicas. O álbum também apresentava letras mais maduras e introspectivas, lidando com temas como política, religião e guerra. Ele se tornou um sucesso comercial, alcançando o primeiro lugar nas paradas de álbuns dos Estados Unidos e vários outros países.

Em 2010, a banda lançou seu quarto álbum de estúdio, “A Thousand Suns”. Este álbum foi ainda mais experimental do que “Minutes to Midnight”, com elementos eletrônicos mais proeminentes e uma abordagem mais conceitual para a composição de músicas. Ele apresentava letras que abordavam temas como a ameaça nuclear, a mudança climática e a guerra. Recebeu críticas mistas, mas alcançou o primeiro lugar nas paradas de álbuns dos Estados Unidos e vários outros países.

Em 2012, a banda lançou seu quinto álbum de estúdio, “Living Things”. Este álbum marcou um retorno ao som mais tradicional da banda, combinando elementos de rock alternativo e eletrônica. O álbum apresentava letras que abordavam temas como relacionamentos, auto-descoberta e resiliência. Ele se tornou um sucesso comercial, alcançando o primeiro lugar nas paradas de álbuns dos Estados Unidos e vários outros países.

Em 2014, a banda lançou seu sexto álbum de estúdio, “The Hunting Party”. Este álbum foi uma homenagem ao som mais pesado do rock dos anos 1990, combinando riffs de guitarra pesados com elementos de hip-hop e eletrônica. O álbum apresentava letras que abordavam temas como raiva, agressão e autenticidade. Ele recebeu críticas positivas, mas não teve tanto sucesso comercial quanto os álbuns anteriores da banda.

Infelizmente, em 20 de julho de 2017, o vocalista da banda, Chester Bennington, cometeu suicídio em sua casa em Los Angeles. Sua morte foi um choque para os fãs e colegas de banda, e levou a uma onda de homenagens e tributos ao redor do mundo, poucos meses após o lançamento do último trabalho da banda até o momento, “One More Light”.

Em 2023, como forma de comemoração aos 20 anos do Meteora, a banda anunciou uma edição comemorativa com diversos materiais inéditos, a ser lançada em 7 de abril. Até o momento, já foram liberadas duas canções que à época ficaram de fora do tracklist final do álbum: Lost e Fighting Myself.

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