Review | Manchester À Beira-Mar

Kenneth Lonergan, roteirista famoso por Gangues de Nova York, entrega em Manchester À Beira-Mar talvez o seu melhor trabalho de direção e roteiro. Toda a melancolia, simplicidade e – principalmente – sensibilidade com que ele conduz a história são dignos de um trabalho singelo, porém arrebatador.

Casey Affleck no papel que lhe rendeu a indicação ao Oscar de Melhor Ator

No drama, conhecemos a história de Lee Chandler, um encanador amargurado que vive em Boston e que após receber a notícia da morte de seu irmão, deve ir até a cidade de Manchester para ser o tutor de seu sobrinho. Porém, ele carrega consigo um enorme fardo.

A cada minuto do filme sentimos a dor e a angústia de Lee – muito bem interpretado por Casey Affleck no papel de sua carreira. Os flashbacks são importantes para demonstrar como Lee era outro no passado, extremamente feliz e cercado de amigos, porém um fato de seu passado faz com que mude drasticamente, se tornando frio e sem emoções. Ele não reage a nada, não desenvolve conversas, se desvencilha de pessoas, encontros e ocasiões, se fecha para o mundo e Casey Affleck passa tudo isso com competência, fazendo com que nós mesmos, os espectadores, compactuemos com toda sua dor e sofrimento, mesmo que calados.

Michelle Willians foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante

O ator Lucas Hedges, que interpreta seu sobrinho Patrick, também está bem como um adolescente como outro qualquer, um turbilhão de emoções, que tem seus sonhos, namoradas, hobbies e só quer continuar onde está, seguir sua vida, com sua banda e não sair de Manchester, pois é ali onde está tudo que ele tem. Michelle Williams, que interpreta Randi, ex-esposa de Lee, tem pouco tempo de tela, mas tem uma das cenas mais tocantes do filme.

O roteiro não tem muitas mudanças e segue seu tom até o final, com pitadas de humor pontuais e também sem apelar para o melodrama, o que seria comum em se tratando de uma história tão pesada, mas Kenneth Lonergan não apela. A trilha sonora é outra marca presente e ajuda na construção do tom triste e frio que o filme precisa, além é claro, da fotografia de Manchester durante o inverno. Uma experiência tocante e desoladora, que nos envolve e castiga.

Nota do Editor: Manchester À Beira-Mar é o primeiro filme produzido por um serviço de streaming, a Amazon, a disputar o prêmio de Melhor Filme no Oscar. O drama concorre ainda a Melhor Diretor, para Kenneth Lonergan, Melhor Ator para Casey Affleck, Melhor Atriz Coadjuvante para Michelle Williams, Melhor Ator Coadjuvante para Lucas Hedges e Melhor Roteiro Original.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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