Review | Passageiros

Passageiros chama a atenção por reunir duas das maiores estrelas de Hollywood da atualidade: Jennifer Lawrence e Chris Pratt. Orçado em US$ 110 milhões e dirigido por Morten Tyldum – em alta depois de O Jogo da Imitação – o filme, uma ficção científica, apresentava características suficientes para ser um sucesso. Mas a recepção negativa da crítica acabou rendendo nos Estados Unidos uma bilheteria morna e o filme não fez metade do sucesso que pretendia.

A exagerada negatividade dos críticos americanos não deve ser levada totalmente a sério. Passageiros está longe de ser um filme perfeito, mas também não é um desastre anunciado.

Tudo começa numa nave espacial rumo a uma nova colônia humana. A viagem terá duração de 120 anos e cinco mil passageiros dormem em cápsulas que serão abertas apenas próximo ao planeta de destino. Todavia, devido a uma pane elétrica, a cápsula de Jim (Pratt) é ativada muito antes do tempo. Com isso, Jim descobre que ainda faltam 90 anos para chegar ao local de destino. Ele então começa a buscar possibilidades para sobreviver, tomando decisões arriscadas que envolvem Aurora (Lawrence) outra passageira que acaba despertando.

Passageiros demonstra pontos interessantes, o maior deles é o dilema de se viver sozinho, situação apresentada na primeira parte do filme, onde o personagem de Pratt passa por momentos desesperadores e engraçados, algo parecido como visto recentemente em Perdido em Marte e até em Náufrago.

Depois da inserção da personagem de Lawrence, o filme ganha outras opções e a narrativa parte para explorar aquilo que tem de melhor: a química entre seus protagonistas. Passageiros então passa a alternar momentos de romance e ganha um arriscado tom de comédia romântica, sendo que qualquer deslize é compensado pela presença do casal em cena.

Depois de um começo interessante e do romance do casal, a parte final é também a mais crítica. Primeiro por ser totalmente previsível nas consequências do relacionamento, depois porque a trama se torna muito inverossímil, exigindo muita paciência para que não se desista da história.

O filme tem um desenho de produção muito bonito e os efeitos visuais são bem feitos – tome como exemplo a falta de gravidade dentro da nave – mas seu maior defeito encontra-se na falta de inspiração do roteiro, que não sabe apresentar ideias inteligentes para sustentar sua premissa, adotando soluções fáceis para resolver determinadas questões.

Outro incômodo é a desnecessária presença de Laurence Fishburne, que aparece apenas para ‘corrigir’ o roteiro  e permitir ao filme prosseguir. Sua presença quebra toda a tensão entre o casal e faz com que Passageiros se descaracterize. Já a presença de Michael Sheen demonstra-se completamente acertada, seu barman robô é ao mesmo tempo simpático e sarcástico.

Ao fim de Passageiros, fica a impressão de que o projeto só saiu do papel porque Jennifer Lawrence e Chris Pratt – atualmente os campeões de bilheteria – estariam envolvidos. Perde-se a oportunidade de criar algo interessante ou um pouco mais inteligente.

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