Review | Projeto Flórida

Sean Baker é um diretor promissor desde que mostrou ao mundo do cinema o que era capaz de fazer com um simples iPhone, em 2015, quando lançou Tangerine. Seus filmes sempre tem uma pegada indie e intimista, perfeitos para festivais de cinema e para o público que costuma fugir do cinema mais comercial. Projeto Flórida é o seu primeiro filme que ganha mais visibilidade por ter no elenco a figura de Willem Dafoe (Homem-Aranha), um ator mais conhecido do público em geral, mas não só por ele.

Na história acompanhamos a pequena Moonee (Brooklynn Prince) e seus outros amigos, moradores de um hotel situado próximo aos parques de Orlando, chamado Magic Castle, onde o personagem de Dafoe, Bobby, é o gerente. O roteiro de Baker segue toda a rotina das famílias desse hotel, com foco em Moonee e sua mãe Halley (Bria Vinaite em sua estreia).

O título do filme de Baker diz muito sobre o que ele trata, praticamente uma analogia. Projeto Flórida é o nome que a Disney World tinha antes de ser definitivamente erguida, literalmente o projeto dos parques. Se a Disney enquanto projeto não passava de sonhos, desejo e ambição, as famílias do Magic Castle também apenas vivem de sonhos, desejo e ambição, mas, infelizmente, conforme vamos acompanhando suas rotinas, vamos vendo a verdade que os assola.

Baker usa diversas cores para trazer esse aspecto lúdico do mundo Disney e transmite a inocência não só no uso da cor púrpura do hotel Magic Castle, mas também por nos guiar através do olhar das crianças perante tantas mazelas enfrentadas pelos adultos durante o longa.

O gerente Bobby talvez seja o único que enxergue, entenda e vivencie os dois lados. Vemos toda sua labuta como administrador do hotel, enquanto, ao mesmo tempo, se preocupa com as crianças, como nas cenas em que as observa tomando sorvete, afasta um possível pedófilo e quando censura a senhora que faz topless na piscina enquanto as crianças a observam.

E é nesse cenário tão próximo do mundo mágico de Disney que Baker mostra que ali residem pessoas que não vivem toda aquela fantasia – a não ser as crianças – e quando a verdade chega até elas, é cruel.

 

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