É intrigante e envolvente a abordagem de Ruy Guerra (Os Cafajestes) nessa história baseada no livro homônimo de Carlos Heitor Cony.
A ideia é bem ousada: colocar duas personas de tempos distintos frente a frente, o jovem Carlos (Charles Fricks de Nise: O Coração da Loucura) do passado e o mesmo Carlos do futuro (Tony Ramos de Getúlio) divagando sobre memórias afetivas acerca da figura do pai Ernesto (vivido por João Miguel de Estômago).
Logo de cara somos apresentados ao contador da história: um sapo em um pântano (!) e é mais ousada ainda a forma com que Guerra vai ilustrando e brincando com suas personagens, cenários e cores.
Não só nós somos pegos de surpresa com alguma visão mentirosa ou exagerada sobre alguém, como também os próprios Carlos, o velho sempre em tom de desdém enquanto tenta se lembrar de algo, e o novo sempre um questionador indignado que não aceita seu triste futuro.
De forma bastante teatral e com atuações exageradas, Quase Memória é um divertido e emocionante exercício sobre o que perdurou da relação entre pai e filho em uma mente cansada.
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