Review | Tamo Junto

A maioria das comédias românticas se sustentam em conhecidos clichês do gênero para fazer graça e emocionar. Não existe problema algum nessa prática, desde que o filme saiba usá-las de uma maneira convincente e consiga ser no mínimo engraçado. Tamo Junto é assim, assume descaradamente todos os elementos necessários, não se leva a sério e por isso mesmo, acaba sendo muito agradável.

O jovem diretor Matheus Souza, agora em seu terceiro longa, aproveita a juventude e o frescor de sua geração para rechear seu filme com referências da cultura pop, remetendo seu trabalho a produções conhecidas que vão de American Pie a Vingança dos Nerds.

A história é bem simples e começa quando Felipe (Leandro Soares) decide terminar o namoro para se divertir com os amigos, mas logo percebe que a vida de solteiro é muito mais dura do que ele imaginava, começando pelo fato de que os amigos o despejam, já que só cobriam a parte dele no aluguel porque sua namorada apresentava garotas para eles. Desiludido, acaba se reaproximando de Paulo Ricardo (Matheus Souza) e Julia (Sophie Charlotte).

Com a trama bem definida, o filme faz bom proveito de situações já bastante batidas, mas o ar de sátira perdoa qualquer deslize pela falta de originalidade da história. Aqui os clichês servem descaradamente como desculpa para os protagonistas amadurecerem e se redimirem.

A construção dos personagens é convincente. A diferença de personalidade mostrada na dupla central serve de complemento para ambos. O fato do personagem de Matheus Souza – irritante, mas divertido – adiantar a história pegando carona em fórmulas conhecidas do cinema deixa a trama com ar de paródia e aumenta a graça do filme. A dupla central também apresenta uma boa química diante de diversas situações. A realidade mostrada reflete bem a atual juventude, mostrando o amadurecimento necessário para seguir em frente.

O filme apresenta certa dificuldade na condução de algumas cenas. Talvez a inexperiência de Matheus Souza na direção pese aqui, tornando o resultado irregular em diversos seguimentos. Existem várias participações especiais: Fábio Porchat aparece numa sequencia reveladora que traduz bem o espírito do filme, já Antonio Tabet participa de uma sequência exagerada e equivocada.

Mas o filme injeta frescor na safra de comédias nacionais, pois prefere assumir os meios de fazer graça menos óbvios, vistos frequentemente em outras produções. Tamo Junto pode ser apreciado sem medo.

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