No review que fiz da primeira temporada de The Crown escrevi que se tratava de uma enorme apologia da monarquia britânica. Após assistir a esta segunda temporada, acho que, se a Coroa ajudou a pagar o orçamento milionário da série (o maior da Netflix), foi o dinheiro mais bem gasto em marketing na história da televisão.
Se na temporada anterior a desconhecida Claire Foy ganhou o Globo e Ouro e o Emmy interpretando a jovem Elisabeth II, agora, já como uma calejada soberana, ela enfrenta novos desafios num Reino Unido em transformação.
A temporada começa e acaba com duas das maiores crises de seu reinado: a do Canal de Suez, em 1956; e o Caso Profumo, em 1963. Para quem não é familiarizado com história, o primeiro foi uma tentativa frustrada de ingleses e franceses, com a assistência dos israelenses, de retomar o canal após a nacionalização ordenada pelo presidente do Egito, Nasser. Militarmente, a operação foi um êxito de manual, mas um desastre político-diplomático, quando os EUA e a URSS ordenaram a retirada das forças combinadas, após condenação da ONU. Já o Caso Profumo foi um escândalo envolvendo um triângulo amoroso entre a garota de programa Chistine Keeler, o ministro da Guerra John Profumo e um o adido naval soviético. As duas crises custaram o cargo dos respectivos premiês da época, Anthony Eden (Jeremy Northam, de The Tudors) e Harold MacMillan (Anton Lesser, de Aliados).
Outros eventos históricos abordados na série são a crise com Gana, a descoberta de arquivos nazistas comprometedores e o casamento da princesa Margaret (Vanessa Kirby, de Como Eu Era Antes de Você) com o fotógrafo hedonista Tony Armstrong-Jones (Matthew Goode, o Ozymandias de Watchmen).
Alguns episódios são particularmente bons, como o 8º (Dear Mrs. Kennedy), em que a rainha se encontra com o casal John (Michael C. Hall. Quem é que teve a ideia de por Dexter no papel de JFK?) e Jackeline Kennedy (Jodi Balfour, da série Relik, uma Jakie muito melhor que Natalie Portman) e o 9º, em que o Príncipe Philip insiste que o herdeiro Charles estude na mesma escola quem ele cursou o Ensino Médio, na Escócia.
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