Review | Um Amor Inesperado

Em uma das entrevistas mais famosas de um ator latino-americano que circulam por aí, Ricardo Darín (Todos Já Sabem) conversa sobre ter recusado um papel de traficante mexicano em Hollywood.

Graças a essa postura, Darín é capaz de permanecer em solo sul-americano – ainda que recentemente tenha ido à Espanha – e escolher seus projetos sem se preocupar com os estereótipos da indústria norte-americana.

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Em Um Amor Inesperado, Darín e Mercedes Morán (O Anjo)são Marcos e Ana, um casal que, após 25 anos de casados, não veem o casamento mais do mesmo jeito. Com a saída de seu único filho de casa, os dois começam a se questionar sobre o futuro do relacionamento e decidem se separar para viver novas experiências.

A sinopse por si só já chama a atenção, é raro vermos comédias românticas que trazem casais à beira da terceira idade em crise no casamento. É este refresco de ideias que permeia as mais de duas horas de Um Amor Inesperado, a duração talvez seja exagerada para a simplicidade de sua história, mas a sintonia entre Darín e Morán e os diálogos inteligentes e afiados compensam.

Debate existencial

O diretor Juan Vera se propõe a expor uma crise que diversos casais enfrentam, mas que, por puro cinismo e convencionalismo social, muitos entendem como um sintoma natural do matrimônio. Estar casado há muitos anos e ver a redução do apetite sexual e da paixão pelo outro é normal? O casamento vira amizade? Só nos apaixonamos uma vez pela mesma pessoa?

Por isso, Um Amor Inesperado nos diverte ao colocar Marcos e Ana neste jogo em que ambos pagam pra ver as consequências de suas escolhas. Assim que conseguem a liberdade do casamento, eles aproveitam a solteirice dos tempos modernos, se envolvem com pessoas mais jovens e aventureiras, com pessoas maduras e seguras de si, porém, com o passar dos anos, chega uma altura em que fica claro como um casamento – e um apartamento – cheio de móveis e objetos de nada vale caso haja um grande vazio dentro de si.

Ainda que pareça um telefilme, Um Amor Inesperado instiga o espectador a sair da sala de cinema se questionando sobre relacionamentos e ter pelo menos uma meta de vida: não ter medo de sair do comodismo, às vezes isso pode nos ajudar a enxergar o que está faltando dentro de nós mesmos.

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