Reunião de Friends ganha trailer e pôster: qual a importância do sitcom?

A HBO Max divulgou ontem o trailer e o pôster de Friends: The Reunion, a tão aguardada reunião do elenco do sitcom que mudou conceitos na televisão americana. Na verdade, não só na TV ianque, mas também na relação do público com canais pagos brasileiros.

O especial estará disponível no Brasil, América Latina e Caribe – exclusivamente na HBO Max – no lançamento da plataforma, em junho.

É o resultado de anos de pedidos dos fãs, e também da necessidade da HBO Max criar conteúdos para atrair assinantes. Assim, 17 anos depois, Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer voltam ao Stage 24, cenário original da icônica comédia nos estúdios Warner Bros., para um reencontro, não de seus personagens, mas dos próprios atores.

Friends: The Reunion trará diversos convidados como David Beckham, Justin Bieber, BTS, James Corden, Cindy Crawford, Cara Delevinge, Lady Gaga, Elliott Gould, Kit Harington, Larry Hankin, Mindy Kaling, Thomas Lennon, Christina Pickles, Tom Selleck, James Michael Tyler, Maggie Wheeler, Reese Witherspoon e Malala Yousafzai.

A HBO Max também vai disponibilizar todos os episódios e temporadas completas no seu lançamento, no próximo mês, lembrando que até a pandemia era uma das séries mais vistas na Netflix, mesmo tanto tempo depois de seu fim.

Los seis amigos

Até meados dos anos 1990, a maioria dos sitcoms era centrada em famílias, uma fórmula que vinha dos primórdios de I Love Lucy e Papai Sabe Tudo. Quem chegou para quebrar esse e outros paradigmas foi Seinfeld, centrado na dinâmica de um grupo de amigos e cuja temática oficial era “o nada”. Mas era um humor muito agressivo e nonsense para atingir os rincões dos Estados Unidos.

É verdade que se diz que Living Single, que estreou um ano antes de Friends, tinha um formato quase igual, com a fundamental diferença de que os “amigos” eram negros. Mas já dizia Chacrinha que na televisão nada se cria, tudo se copia, e o que parecia apenas mais uma série ambientada em Nova York, virou um hype, antes mesmo do termo existir. Mas Friends só estourou mesmo a partir da segunda temporada, sendo que a primeira teve mais audiência na primeira reprise que na estreia.

Eu mesmo só comecei a acompanhar a partir de 1998, quando comecei a ter acesso a TV por assinatura. Arrisco-me a dizer que foi na época da popularização da mídia, que durante algum tempo era restrito a quem tinha mais grana. Passava na Sony (não na Warner) e os episódios estreavam na terça. Eu, colunista social, só comparecia a eventos nesse dia se fossem muito importantes, e discutia os acontecimentos da série com um pequeno grupo de aficionados no ICQ e, depois, Messenger. Segue sequência do meu episódio favorito (em inglês, sorry):

É sempre bom lembrar que o sucesso de Friends fez com que convidados especiais aparecessem a cada temporada, como George Clooney, Julia Roberts, Jean-Claude Van Damme, Gary Oldman, Brad Pitt (ainda casado com Jennifer Aniston), culminando com o papel recorrente de Bruce Willis como pai de uma namorada de Ross e, depois, namorando Rachel. Monica teve entre seus namorados Jon Favreau e Tom Selleck, e as irmãs de Rachel foram interpretadas por Christina Applegate e Reese Witherspoon.

O episódio final foi catártico, levou todo mundo às lágrimas, mas estava na cara que a série já andava fazendo hora extra, com arcos desnecessários, como o namoro de Joey e Rachel, criado só para gerar assunto. Isso acontece com a maioria das séries de sucesso, e não foi diferente com a descendente direta de Friends, The Big Bang Theory, que repetiu a fórmula dos apartamentos um de frente para o outro e da dinâmica da amizade ao invés da família.

A diferença fundamental é que os seis que se reuniam no Central Perk eram todos brancos e de boa aparência, enquanto os nerds que iam à loja do Stuart era um bando de nerds esquisitos, refletindo a mudança dos tempos. E também o spin-off de TBBT, Young Sheldon, está fazendo muito mais sucesso que Joey.

Aqui, a primeira e a última cena do seriado (também em inglês):

Fora de Friends – do qual cada um saiu com um salário recordista de um milhão de dólares por episódio – Jennifer Aniston foi para uma carreira de sucesso no cinema e só voltou para a TV recentemente, em The Morning Show, ao lado de sua “irmã” Reese Witherspoon; Matt LeBlanc estrelou o spin-off Joey, de vida curta, namorou Lucy Liu em As Panteras e pouca coisa mais; Courtney Cox fez a trilogia Pânico e algumas séries mais ou menos bem sucedidas, como Cougar Town; Mathew Perry se juntou com o colega de elenco Bruce Willis em dois Meu Vizinho Mafioso, e depois entrou em depressão; Lisa Kudrow embarcou em projetos alternativos, mas sem chamar muita atenção; e David Schwimmer foi Ross a vida inteira, até quando fez Band of Brothers e American Crime Story.

Uma vida se passou para todos eles até a reunião que será mostrada em breve. Mas não para os fãs, que não se cansam de assistir às reprises de Friends, como se o tempo tivesse parado no Central Perk.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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