Review | A Queda da Casa de Usher (Netflix)

Mike Flanagan se tornou uma grife do terror com A Maldição da Residência Hill, A Maldição da Mansão Bly e Missa da Meia-Noite, além do longa Doutor Sono, sua subestimada continuação de O Iluminado.

Seu trabalho é conhecido por se inspirar em obras famosas – Residência Hill no romance de Shirley Jackson, que originou o filme Desafio do Além (1963); Mansão Bly na novela A Outra Volta do Parafuso, de Henry James, base do longa Os Inocentes (1961); e agora, A Queda da Casa de Usher, inspirado da obra de Edgard Allan Poe.

Curiosamente, seu melhor trabalho, para mim, é justamente Missa da Meia-Noite, uma criação original de Flanagan.

Outra característica do cineasta é usar os mesmo atores, como se fosse um grupo teatral em que o elenco se alterna como protagonistas e coadjuvantes em diversos trabalhos, com uma ou outra adição ocasional.

Os mais constantes são Kate Siegel (mulher de Flanagan), Henry Thomas (o eterno Elliot de E.T.), Carla Gugino (que é a mais famosa do ensemble), Samantha Sloyan, T´Nia Miller, Zack Gilford e Katie Parker.

Em A Queda da Casa de Usher se juntam a eles Bruce Greenwood (que interpretou presidentes dos EUA pelo menos três vezes), Mary McDonnell (Dança com Lobos) e Mark Hamill (o eterno Luke Skywalker).

O seriado é bem legal e merece ser maratonado, mas andei pensando que os leigos em Edgard Allan Poe se divirtam mais que nós, familiarizados com a obra do escritor americano (o que é bem fácil, já seus textos caíram em domínio público há muito tempo e estão disponíveis em todo o lugar a preços irrisórios).

Como em alguns filmes da Marvel, os easter eggs são tantos, que nos preocupamos mais em identificá-los do que em usufruir a trama, sem falar que os iniciados acabam sacando muitos spoilers.

Além do título da série em si, todos os episódios recebem nomes de contos e poemas de Poe, menos o primeiro, que é uma frase de O Corvo, que nomeia o capitulo final.

Ascensão e Queda

O roteiro conta a ascensão e queda do magnata Roderick Usher (Robert Greenwood na velhice e Zach Gilford na juventude), toda sua prole de seis filhos e sua irmã gêmea Madeline (Mary McDonnell madura e Willa Fitzgerald jovem).

Originalmente, o papel principal seria de Frank Langella, que acabou demitido após acusação de assédio sexual durante as filmagens, e não dá para deixar de imaginar como ele se sairia no lugar do muito mais limitado Greenwood, que é um dos pontos fracos do elenco.

Os destaques positivos ficam com Kate Siegel como a manipuladora Camille; Samantha Sloyan (que já havia roubado a cena em Missa da Meia-Noite) como a fria Tamerlane; Willa Fitzgerald como Madeline; um surpreendente Henry Thomas como o primogênito Frederick e, é claro, Carla Gugino, sexy, misteriosa e instigante.

Uma dica para quem gostar de A Queda da Casa de Usher, além das outras séries de Flanagan, é o filme O Pálido Olho Azul (2022), disponível no Prime Video, em que o próprio Edgard Allan Poe é personagem (interpretado por Harry Melling, de O Gambito da Rainha) e é protagonizado por Christian Bale (trilogia Batman de Christopher Nolan).

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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