Já escrevi neste mesmo Nerd Interior que The Crown – a então produção mais cara da Netflix – era uma enorme apologia da monarquia britânica. Com a morte da rainha Elizabeth II antes do lançamento da sexta e última temporada, a série se encerrou como uma hagiografia do mais longo reinado da história da Inglaterra.
Ela foi dividida em duas partes, com a primeira dedicada aos dias que antecederam a morte de Diana (Elizabeth Debicki, vencedora como Atriz Coadjuvante em Série de Drama no Globo de Ouro e no Critic Choice Awards pela temporada) e o luto nacional, que criou uma crise na monarquia, mais ou menos como vimos em A Rainha. A segunda parte, lançada um mês depois, foca na transferência de popularidade da mãe para William (Ed McVey), o interesse deste em Kate Midleton (Meg Bellamy) e a percepção de Elizabeth (Imelda Staunton) de que o fim se aproxima.
Confesso que tinha parado pouco antes do episódio do acidente em Paris, mas retomei The Crown por conta do recente anuncio do câncer do rei Charles III e da princesa de Gales. A série termina com o casamento de Charles (Dominic West, que nem orelha postiça a produção se dignou a colocar nele) e Camila (Olivia Williams) e antes do matrimônio de William e Kate.
Debicki emula os trejeitos famosos de Diana, cria uma princesa convincente em seus últimos dias e conseguiu o reconhecimento que tanto perseguiu em uma carreira marcada por papéis que valorizavam apenas sua figura escultural. O contrário ocorre com o Charles de Dominic West, cuja escalação levanta suspeitas de favorecimento da imagem do hoje rei da Inglaterra, que, de galã, não tem nada.
Não gostei inicialmente de alguns recursos dramáticos, como as conversas com gente morta (brega), mas percebi que era uma preparação para as sequencias em que a Elizabeth de Imelda Staunton dialoga com suas versões mais jovens interpretadas por Claire Foy (revelada pela série, Olivia Colman (que fez o papel na época em que ganhou o Oscar interpetando outra rainha da Inglaterra em A Favorita) e Viola Prettejohn (The Nevers), que atuou somente nesta temporada. Um tributo às ótimas atrizes que encarnaram a monarca e fizeram de The Crown um marco cultural.
Mas os recentes acontecimentos envolvendo a família real bem que justificavam mais uma temporada…
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