John R. Leonetti fez dois dos piores filmes que já vi na vida: Efeito Borboleta 2 (2006) e 7 Desejos (2017). Quando o assunto é Annabelle (2014) eu nado contra a maré, pois ainda enxergo coisas boas ali. Nesse The Silence, mais uma produção original da Netflix, ele parece não chegar a lugar algum – e um filme que depende em vão da tensão e do medo para prender o espectador na poltrona é um problema.
Uma espécie de praga voadora – chamada pelos personagens de vespas e que parecem pequenos pterodáctilos guiados exclusivamente pelos sons – é libertada acidentalmente de uma fenda na Pensilvânia, logo nos primeiros minutos do filme, e se espalha pelo mundo, a partir daí, acompanhamos a família de Ally (Kiernan Shipka, de February), que começa a presenciar os primeiros ataques dos monstrengos voadores e depois parte para o norte em busca de abrigo.
Muitos personagens, pouca tensão
O maior problema em um filme desses é apresentar personagens com zero carisma, praticamente zero falas e que servem apenas para encher um carro SUV.
Os membros da família Andrews são cascas com zero personalidade, a única deles que apresenta um dilema é a protagonista vivida por Shipka, porém, seu problema de audição (alô Um Lugar Silencioso!) não faz diferença alguma durante a hora e meia de história. Os demais servem apenas para irem morrendo, um a um, sem que lembremos seus nomes.
Infelizmente, Leonetti não consegue vender sua proposta – até mesmo um misterioso e aparentemente perigoso culto ou seita aparece de forma completamente aleatória – e o filme é levado pelo fraco e insosso exercício de gênero a que ele se limita.
Vejo diversas referências, propositais ou não, indo de Abismo do Medo a Jogos Vorazes (primeira e última cenas), passando por Os Pássaros e O Nevoeiro (essas mais óbvias), mas são sequências e cenas jogadas na história que funcionam mais como memória afetiva – de outros longas – e não pelos méritos desse.
Ter sido lançado após Um Lugar Silencioso e Bird Box não ajuda, não há novidade alguma aqui. Nem pela simplicidade com que é trabalhada, a produção convence. Falta identidade à direção de Leonetti. The Silence poderia ser melhor se houvesse um esforço em desenvolver os personagens de maneira digna e não dependesse tanto da boa vontade do espectador. Comigo não funcionou.
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