Review | Devil May Cry 5

Quem vê a Capcom dos últimos dois anos não imagina que a empresa comeu o pão que o diabo amassou antes disso. Colecionando sucessos recentes, a história de um passado nem tão distante assim mostrava uma produtora que lutava para reconquistar uma identidade que havia se perdido. Não é mesmo Umbrella Corps e Dead Rising 4? Porém, em março deste ano, o lançamento de Devil May Cry 5, 11 anos após o último jogo canônico da franquia, parece ter sacramentado a redenção do estúdio. A Capcom não poderia estar em situação melhor. Confira nosso review de Devil May Cry 5!

Produzido pelo diretor Hideaki Itsuno, que comandou Devil May Cry 3: Dante’s Awakening e Devil May Cry 4, DMC 5 (como chamaremos a partir de agora) talvez seja o ponto alto desta nova Capcom, que encontrou na tradição e na nostalgia o segredo do sucesso. O título é, por exemplo, um caso raro de franquia que conseguiu se manter atual e divertida mesmo não mudando basicamente nada. Sua ação frenética e exagerada unida ao humor ácido e carisma dos personagens é marca registrada e somente isso já basta para o sucesso.

Em DMC 5, os já conhecidos Dante e Nero se juntam ao inédito e misterioso V para enfrentar o demônio Urizen, que ataca e transforma a cidade de Red Grave em um caos total. A sinopse é curta, mas acredite, é o bastante para não estragar as surpresas que te esperam durante o desenrolar da narrativa do jogo. Além da campanha, DMC 5 ainda possui um modo extra de jogo chamado Palácio Sangrento, que coloca Nero em uma arena com hordas de inimigos para desafiar o jogador a sobreviver ao máximo de ondas possível.

E falando em narrativa, ela é contada de forma não linear. Assim, a cada missão você assume o comando de um dos três protagonistas (quando o jogo não te dá a opção de escolher qualquer um deles) e vivencia sua jornada ao objetivo final durante o decorrer de pouco mais de um dia. Os caminhos dos personagens se cruzam e as missões acabam se complementando. A não linearidade da história pode confundir um pouco, porém graças ao enredo simples, mas eficaz, não prejudica. Aos jogadores novatos, a Capcom ajuda disponibilizando um resumo da história de DMC, do primeiro jogo até o quarto título, que pode ser acessado pelo menu principal.

Um prazeroso apertar de botões

Tenho que ser sincero e dizer: DMC 5 não é um jogo dos mais acessíveis para pessoas que não estão tão acostumadas com a franquia. Executar as inúmeras opções de combos para os personagens em busca do prazeroso estilo SSS de combate é uma tarefa apenas para os mais dedicados e ávidos fãs. Mas se você não se encaixa no quadro citado, não há problemas. O velho esmagar frenético de botões ainda funciona em DMC 5 e possibilita que os jogadores menos habilidosos (e também com uma memória pior para decorar todos os comandos, como eu) ainda façam algumas estripulias (mesmo sem ter a mínima noção de como aquilo foi feito). Há também um modo de assistência, que permite combos com um simples comando de botão. E isso é bom porque DMC 5 não é sobre desafio e muito menos um jogo de memória. É sobre diversão.

Diversão garantida pelas mecânicas de combate existentes no título, que continuam competentes e exploram a variedade. Se DMC 5 tivesse apenas um personagem, o jogo poderia cair na mesmice se não soubesse brilhantemente variar e apresentar inúmeras possibilidades de movimentação. Mas a presença de três personagens jogáveis impede a repetição, já que cada um possui sua característica de combate, que difere uma da outra em grande escala. Somado a isso, há missões em que você pode escolher com quem jogar, aumentando o leque de opções e de fator replay mais ainda.

O jovem caçador de demônios Nero possui um combate mais simples, mas ao mesmo tempo mais frenético por causa dos Devil Breakers que, em uma boa decisão de design, não podem ser escolhidos livremente pelo jogador. Assim, força você a usar os que estão disponíveis e conhecer o que cada um pode fazer. Em um total de oito, eles vão desde braços que dão choque até uma espécie de foguete-skate que você dispara na direção dos inimigos ou até mesmo surfa sobre eles. Os braços ainda podem ser implodidos, causando alto dano nos inimigos e possibilitando que o jogador se safe de enrascadas.

Com V, meu estilo de jogo preferido, você usa três demônios, o Grifo, o Sombra e o Pesadelo (este último somente ativando a barra de Poder Demoníaco do personagem). É uma variante de combate em que o personagem fica mais afastado da ação enquanto dá comandos para seus “mascotes” atacarem. V só precisa se aproximar dos inimigos para finalizá-los. Essa proposta, inclusive, dá mais dinamismo à câmera do jogo, que se afasta e se aproxima do combate conforme a distância que V está dele. E é na hora da finalização que a magia acontece e a câmera se movimenta como um filme de ação nota A de Hollywood..

Por fim, Dante, o mais tradicional personagem da franquia, possui um combate mais complexo, que envolve diferentes tipos de armas corpo a corpo e também de fogo. Somado a isso, o jogador ainda pode escolher a abordagem de luta para o personagem apertando o direcional digital do controle. Há opções para Dante ficar mais rápido, para explorar o combate à distância com armas, para abusar do corpo a corpo com as armas brancas ou até mesmo explorar os contra-ataques. A cereja do bolo é o modo demônio de Dante, quando o personagem fica ultra poderoso por alguns segundos às custas do consumo da sua barra de Poder Demoníaco.

O combate só não é SSS porque possui um ponto fraco. A câmera do jogo é livre até demais, ou seja, você precisa ajustar ela a todo momento sozinho para conseguir o melhor enquadramento para seu duelo com os demônios. Essa opção mais atrapalha do que ajuda quando você precisa ser mais ágil em combates com criaturas que exigem um pouco mais de movimentação dos personagens.

Um espetáculo visual e sonoro

Visualmente, DMC5 é um bom exemplar do que a RE Engine pode fazer. Não que já não tenhamos visto em Resident Evil 2 ou Resident Evil VII, por exemplo, mas o design grotesco e ao mesmo tempo incrível das criaturas que você enfrenta durante a campanha, ostentando a criatividade do time de produção artística da Capcom, consegue unir o feio ao belo e se aproveitando da qualidade com que o motor gráfico consegue reproduzir líquidos e gosmas, as criaturas ficam ainda mais fascinantes.

Outro destaque artístico de DMC 5 é sua música. Desde a batida deliciosa do rock misturado com drum’n bass de Devil Trigger que toca na incrível introdução do jogo até as faixas que compõem as lutas parecem ter sido escolhidas a dedo. Ponto positivo também para a forma dinâmica com que elas crescem ou diminuem conforme você sobe ou desce no ranking de estilo durante o combate.

Devil May Cry 5 está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC.

 

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Este review foi produzido com uma cópia de Xbox One cedida pela assessoria de imprensa da Capcom do Brasil.

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