O que esperar do Oscar da Pandemia?

O Oscar 2021 será entregue no próximo dia 25, com quase dois meses de atraso, em dois locais: no tradicional Teatro Dolby e na Estação Central de Trem de Los Angeles. Não apenas a cerimônia será atípica, mas a própria safra de filmes, caracterizada por uma cara indie, de baixo orçamento e sem grande premières e badalações. A seguir, a primeira parte do Em Cartaz da TV Sol Comunidade, de Indaiatuba, sobre o Oscar 2021, apresentado poe Caio Guimarães com a participação deste seu criado.

Dá para colocar os oito indicados a Melhor Filme em subgrupos: confrontos históricos (Os 7 de Chicago e Judas e o Messias Negro, que se passam na mesma época e contexto; e Mank, tanto pelo debate sobre a autoria de Cidadão Kane quanto a ação política de Hollywood na depressão); o sonho americano em desencanto (Nomadland e Minari);  perda (Meu Pai e O Som do Silêncio); agendas contemporâneas (Judas e o Messias Negro e Bela Vingança).

Podemos também destacar filmes com protagonismo feminino tanto em frente quanto atrás das câmeras (Chloé Zhao e Frances McDormand em Nomadland e Emerald Fenell e Carey Mulligan em Bela Vingança), sendo que primeira vez duas mulheres competem em Direção no mesmo ano, idem para dois asiáticos (Zhao e Lee Isaac Chun, de Minari); e primeira búlgara indicada por atuação (Maria Bakalova por Borat 2). Segue a parte 2 do Em Cartaz especial do Oscar 2021.

E quais são os prognósticos? Pelas bolsas de apostas e premiações anteriores Nomadland é o favorito a Melhor Filme, para mim, merecidamente. Normalmente, isso significa uma estatueta de Direção para Chloé Zhao, mas não é uma certeza, tendo que enfrentar o peso de um David Fincher (Manck) no páreo. Zhao concorre ainda para Roteiro Adaptado e Montagem (!) e, acreditem, é bem possível que ganhe. Aaron Sorkin, de Os 7 de Chicago, é um roteirista consagrado e é favorito para Roteiro Original, mas o trabalho de Darius e Abraham Marder em O Som do Silêncio é surpreendente e belíssimo.

A disputa para a estatueta de Atriz é acirrada, mas Viola Davis (A Voz Suprema do Blues) ganhou o prêmio do Sindicato dos Atores (SAG), o que é um bom indicador. Mas Frances McDormand e Carey Mulligan estão no páreo.

Para Ator, tudo indica um Oscar póstumo para Chadwick Boseman por A Voz Suprema do Blues, tanto pelas vitórias pregressas quanto pelo que esse prêmio representaria no cenário atual. Anthony Hopkins, porém, faz seu melhor trabalho desde O Silêncio dos Inocentes em Meu Pai, e pode muito bem atropelar por fora.

Protagonista de Judas e o Messias Negro. Daniel Kaluuya disputa a categoria de Ator Coadjuvante, junto com seu colega de elenco LaKeith Stanfield, por escolha da produção (para não concorrer com Boseman?), e sua eletrizante performance como Fred Hampton é a barbada da noite. Em Atriz Coadjuvante, se dependesse somente da atuação, Olivia Colman levaria por Meu Pai. Mas a vovó coreana de Minari, Yuh-Jung Yun, deve ganhar no afetivo.

Em Longa-metragem de Animação, Soul, da Pixar, é a barbada; assim como Druk como Filme em Língua Não-inglesa, que também concorre a Direção, com Thomas Vinterberg. É uma pena que o indiano Tigre Branco, que concorre em Roteiro Adaptado, não poder ser inscrito na categoria por ser falado em inglês. E não foi considerado bom o suficiente para a categoria principal, o que achei um erro.

No final das contas, o ano ficará na história pelas peculiaridades da pandemia, com a maioria dos indicados caracterizados por uma certa melancolia, como de mesmo tendo sido planejados e executados antes do Covid-19, eles fossem contaminados pelo vírus da tristeza e da incerteza que tomou conta do planeta.

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