Review | Adeus, Idiotas

As Injustas Recompensas da Dedicação ao Trabalho

Aos 56 anos de idade, o cineasta francês Albert Dupontel dirigiu Adeus, Idiotas, que chega aos cinemas brasileiros dois anos após a estreia na França, e é estrelado pelo próprio diretor e por Virginie Efira, a protagonista do recente e polêmico Benedetta.

Vencedor de sete Césars, incluindo o de melhor filme, diretor e roteiro original, o filme foi indicado para outras seis categorias e foi um dos grandes destaques da programação do Festival Varilux de Cinema Francês no ano passado.

A obra conta a história da cabeleireira Suze Trappet (Virginie Efira) e do profissional de TI, Jean Baptiste (Albert Dupontel, de Irreversível), que se encontram em momentos complicados de suas vidas.

Ela acaba de descobrir uma doença terminal, aos 43 anos, causada pela exposição constante a sprays capilares. Ele se recupera de uma tentativa de suicídio, aos 56 anos, após ser rebaixado de cargo na empresa em que trabalha.

Aliás, a história dos protagonistas se cruza justamente quando Jean Baptiste toma a decisão de partir, mas sua tentativa é tão frustrada que ele acaba ferindo um colega de trabalho e passa a ser perseguido pela polícia.

Coincidentemente, somente Suze pode provar sua inocência, mas ela impõe uma condição: Jean terá que ajudá-la a encontrar seu filho, fruto de uma gravidez na adolescência, que foi entregue para adoção.

Nessa jornada, eles encontram o Sr. Blin (Nicolas Marié, de O Bosque), responsável pelos arquivos de uma instituição, mesmo depois de ter sofrido um acidente que lhe deixou cego. Este trio inusitado nos entrega situações bastante singulares.

Lúdico

Num tom lúdico, formado pela bela trilha sonora indicada ao prêmio César e pela fotografia vencedora do prêmio (dentre outras seis indicações), em tons vibrantes de vermelho, amarelo e azul, o filme explora o exagero nas cenas, mas sempre com o roteiro fincado um tanto na realidade, tecendo críticas indiretas às destrutivas relações de trabalho sofridas pelos protagonistas e citando números a todo instante, dando caráter de urgência, como uma contagem regressiva para a resolução dos conflitos.

O desenvolvimento do terceiro ato não causa tanto impacto, por direcionar o andamento das circunstâncias a uma empatia forçada com alguns personagens, apesar de reforçar o pensamento crítico sobre mais uma relação de trabalho. No entanto, Adeus, Idiotas reserva um final surpreendente, coerente com sua narrativa.

A mistura de comédia e drama agrada por suas tomadas bem trabalhadas, de ângulos peculiares, dos jogos com espelhos e reflexos e também pelas reflexões propostas, acerca dos valores da vida. Vale a pena conferir!

* Com distribuição da Polifilmes e Mares Filmes, o filme chega aos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.

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