Review | Crime Sem Saída

Um dos maiores desafios de atores que têm a carreira marcada por algum papel de destaque é partir para o próximo trabalho. Quando se fala em Chadwick Boseman é difícil não lembrar de seu T’Challa, o Pantera Negra. Neste Crime Sem Saída, o ator se despe de seu manto de rei de Wakanda para vestir a farda do departamento de polícia de Nova York.

Boseman é André Davis, um detetive encarregado de encontrar e prender um assassino de policiais que está atacando em Manhattan. Realizar a prisão do criminoso implicaria em recuperar a honra que ele perdeu durante algumas tarefas mal-executadas nos últimos anos. No entanto, quanto mais avança na investigação, mais ele percebe que os assassinatos se tratam de uma conspiração assombrosa entre criminosos e membros de sua própria categoria.

Assim como T’Challa, o André Davis de Boseman é policial não por escolha, mas por ter aquilo em seu DNA, como ele mesmo diz. Seu pai foi morto em trabalho enquanto ele ainda era criança e, talvez influenciado por esse trauma, Davis tenha seguido na profissão e criado uma má reputação para si próprio: ele é do tipo que atira antes de perguntar. Desta forma, Davis carrega o trauma de ter perdido o pai muito jovem e também diversas mortes de suspeitos em seu currículo. Porém, dados os suspeitos que vai encontrando pelo caminho, Davis deve ponderar a situação para que ele não se torne o próximo alvo e assim se vê obrigado a entrar neste rabbit hole a fim de resolver uma trama de subornos e corrupção.

Ao vermos o nome dos Irmãos Russo (diretores de Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, e de Capitão América: Soldado Invernal e Guerra Civil) associados à produção, automaticamente não nos importamos com os dramas ou a complexidade do protagonista, somos levados a imaginar as possibilidades de uma ação urbana convincente, ou no mínimo frenética, característica dos diretores. Porém, a direção fica a cargo de Brian Kirk (My Boy Jack) que nunca havia feito um trabalho do gênero nos cinemas e, conforme a narrativa avança, isso fica perceptível.

Ritmo

Apesar da história ter um ritmo acelerado, falta a Kirk exercer uma direção mais segura e ambiciosa, ainda mais por ter o respaldo dos Russo. Ele pouco explora os quarteirões e as ruas movimentadas de Manhattan – e convenhamos, isolar Manhattan em pouquíssimo tempo é algo inconcebível e aqui é tratado como algo a ser feito em questão de minutos. Há ainda diversas outras facilidades no roteiro que vão minando a paciência e a curiosidade do espectador, pois, tudo nos é apresentado de antemão e Davis é o único personagem que permanece entre a inocência e a ingenuidade enquanto todos ao seu redor se mostram estereótipos de personagens de diversos filmes de ação que já vimos a rodo.

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