Review | Godzilla II: Rei dos Monstros

Com o advento dos super-heróis, os filmes-catástrofe, ou disaster movies, perderam espaço no cinema blockbuster. Dentro desta seara, os monster movies, ou kaijus, também haviam se tornado raridade, mas, com a volta do parque dos dinossauros no Jurassic World de 2014 – e seu surpreendente sucesso nas bilheterias que ainda o coloca entre as dez maiores da história – e o primeiro Godzilla, do mesmo ano, outros filmes do tipo continuaram a surgir, da sequência de Círculo de Fogo a Rampage: Destruição Total.

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A história de Godzilla II: Rei dos Monstros se passa anos após a destruição causada por Godzilla em São Francisco no filme de 2014. A organização Monarca continua vasculhando o mundo em busca de outros Titãs a fim de controlá-los para que a humanidade não fique novamente em risco. A doutora Emma Russell (Vera Farmiga, de Invocação do Mal) ao lado de Jonah Alan (Charles Dance, de Game of Thrones) lidera a empreitada com uma ideia moralmente questionável, enquanto seu ex-marido Mark Russell (Kyle Chandler, de Super 8) se isolou nas montanhas, traumatizado pela perda do filho na catástrofe do longa anterior.

O drama familiar dos Russell se faz presente neste longa como um contraponto para a grandiosidade do embate das criaturas, uma maneira de dar fôlego ao espectador para que ele possa se importar com alguém na história. Mas o roteiro de Michael Dougherty e Zach Shields (Krampus) falha em qualquer tipo de desenvolvimento destes personagens.

É difícil torcer por personagens apáticos, sem personalidade e sem carisma. Nem mesmo Millie Bobby Brown (Stranger Things), que faz sua estreia nos cinemas, consegue fazer milagre com o que tem em mãos. Os demais coadjuvantes também são limitados a diálogos expositivos e explicativos demais, alguns servindo apenas para soltar piadas e nomear os monstros que vão surgindo.

Mais monstros

Falando em monstros, é justamente neles que o longa encontra seu maior trunfo. Godzilla II apresenta um vasto universo de Titãs que estão na Terra por motivos desconhecidos – por mais que os personagens tentem achar uma explicação, tudo fica no campo da suposição – e que podem ser tanto ameaças como aliados à humanidade.

Além de Godzilla, Ghidorah, Mothra e Rodan, surgem em tela para batalhas grandiosas onde cada um de seus poderes e capacidades são bem explorados. Toda a mitologia destas criaturas é apresentada de maneira ágil, ainda que preguiçosa, mas que funciona na proposta do longa. Além disso, nos créditos finais, há uma breve preparação para o vindouro Godzilla vs. Kong.

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Na parte técnica, a fotografia escurecida e as tempestades que perduram boa parte da projeção casam bem com o clima sombrio e sem esperança que assolam aqueles personagens. Tal reflexo pode ser visto a todo instante, principalmente nas atitudes da personagem de Farmiga. Não há brecha para imaginar que tudo dará certo ao final, ainda mais em um planeta que a própria humanidade destrói. Será que os Titãs são a salvação da Terra e destruição da humanidade? É uma moral deturpada apresentada pela visão da doutora, mas que não deixa de ser compreensível, é pena que o roteiro não encontre sustentação suficiente para maiores argumentações.

No meio de tanta destruição, a câmera de Dougherty constantemente busca os movimentos e os olhares dos monstros por meio de zooms, como se estivéssemos no meio daquele “campo de batalha”, é uma técnica arriscada para um blockbuster, mas que encontra êxito por nos dar um ponto de vista privilegiado, tornando aquelas criaturas ainda mais ameaçadoras e imponentes.

Este novo Godzilla II: O Rei dos Monstros chega para consolidar o universo compartilhado de monstros – o monsterverse. É um bom capítulo sobre a mitologia dos Titãs que empolga ainda mais para o confronto entre Godzilla e King Kong no ano que vem. E, pelo que vemos neste filme, é bom que o gorila gigante esteja preparado.

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