Review | Trilogia Baztán (Netflix)

Em abril deste ano, Legado nos Ossos emplacou o Top 10 da Netflix no Brasil, sem que muita gente soubesse que a primeira parte da trilogia, O Guardião Invisível, já estava na plataforma. Em julho, a conclusão da história, Oferenda à Tempestade, também estreou no streaming.

Os filmes se baseiam em romances de Dolores Redondo, de grande sucesso em sua Espanha natal, e se passam no Vale de Baztán, na província de Navarra, fronteira com a França, daí ser conhecido como Trilogia Baztán. A região faz parte do território basco, um povo que fala uma misteriosa língua sem qualquer parentesco com as demais da Europa, que habita essa região entre os dois países. A trama utiliza muitos elementos do folclore e cultura euskara, como se autodenominam.

O Guardião Invisível (2017) começa com uma série de assassinatos de garotas adolescentes, dispostas de forma ritualística à beira do rio. A inspetora Amaia Salazar (vivida pela atriz basca Marta Etura, de O Impossível) é encarregada de investigar o caso. Oriunda de Elizondo, o epicentro dos crimes, ela volta ao lar de onde saiu para trabalhar no FBI americano.

Seus traumas de infância não apenas voltam à tona, como também farão parte do mistério que move a trama. Os fãs de A Casa de Papel devem reconhecer o Rio, Miguel Herrán, num papel pequeno.

Após um prólogo que remete à Inquisição e à bruxaria na Idade Média, Legado nos Ossos (2019) começa com um acontecimento diretamente ligado ao desfecho do filme anterior. Os crimes agora envolvem suicídios misteriosos e bebes supostamente sacrificados.

Amaia, agora mãe de um recém-nascido, não apenas vai se identificar com a natureza dos crimes como ser atingida por eles. Essa segunda parte introduz o juiz Markina, vivido por Leonardo Sbaraglia, ator argentino que tem no currículo Relatos Selvagens, Dor e Glória e a produção Mercosul O Silêncio do Céu, co-estrelado pela brasuca Carolina Dieckmann. Este segundo filme deve ter chamado mais a atenção por envolver a Igreja Católica e a Opus Dei, dando um toque O Código da Vinci (Dan Brown) ao roteiro.

Encerramento

Oferenda à Tempestade (2020) encerra a trilogia elucidando a conspiração que permeou todas as três histórias. A conclusão – para mim, previsível, mas ainda assim satisfatória – deixa algumas pontas soltas. Se deveria mesmo ser a última aventura da inspetora basca, a própria escritora Dolores Redondo não deixou a galinha dos ovos de ouro morrer.

Em 2009, lançou La Cara Norte Del Corazón, que é um prequel relatando a história de Amaia nos EUA e a natureza de sua relação com o agente Aloisius Dupree (interpretado nos filmes por Colin McFarlane, o comissário Loeb da Trilogia Batman – O Cavaleiro das Trevas). Teremos novo filme à vista? Se depender dos fãs, muito provável.

Além do já citado clima de conspiração católica à moda Dan Brown e referência óbvia a O Bebê de Rosemary, há um mood Millenium (os filmes suecos), e não é de graça. O produtor Peter Nardman, que além dos longas estrelados por Noomi Rapace também assina a ótima série escandinava A Ponte, foi quem adquiriu os direitos de adaptação dos livros para o cinema.

O diretor Fernando Gonzalez Molina, oriundo da TV, conduz os três filmes de forma bem burocrática, e o interesse vem da trama tecida pela autora Dolores Redondo e do carisma da protagonista Marta Etura.

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