Review | Vice

Ao receber o Globo de Ouro de melhor ator em comédia por sua atuação em Vice, Christian Bale agradeceu: obrigado, Satã, pela inspiração. Para entender essa declaração polêmica você precisa assistir ao filme e, em algum momento, sua ficha vai cair.

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O longa conta a trajetória política e familiar de Dick Cheney (vice-presidente da gestão George W. Bush), mostrando como ele se tornou o homem que remodelou o modo de se fazer política nos Estados Unidos, devido à sua influência direta no 11 de setembro e na invasão ao Iraque e ao Afeganistão.

Desde os primeiros dias na Casa Branca, Dick Cheney (Bale) se mostrou um jovem republicano disposto a aprender e logo se tornou pupilo de Donald Rumsfeld (Steve Carell de A Melhor Escolha), então Chefe de Gabinete da Casa Branca, o que o deixou muito próximo de observar como as mentes poderosas dali comandavam o jogo.

O roteiro didático ajuda

Se você não gosta de política e nem se interessa pelo assunto, não vou dizer que é um filme para ser evitado, pois o humor ácido e a montagem frenética se destacam e fazem o filme sair do lugar-comum de projetos recentes e formulaicos como Mark Felt – O Homem que Derrubou a Casa Branca (2017).

O diretor e roteirista Adam McKay (A Grande Aposta) costuma utilizar o didatismo a seu favor para contar suas histórias, geralmente fazendo a quebra da quarta parede para tal.

Aqui, ele conta com o narrador quase-onisciente Kurt (Jesse Plemons de A Noite do Jogo) para nos explicar diversas tramoias e manobras engenhosas que Dick Cheney foi capaz de fazer para vencer as batalhas de seus país e também as particulares, principalmente tornando o cargo de vice – até então um cargo de fachada – em uma posição com tantos poderes quanto o presidente.

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Não é apenas maquiagem…

Embora pudesse parecer uma produção que depende apenas do excelente trabalho de maquiagem e cabelo que transformam Bale e Sam Rockwell (Três Anúncios Para Um Crime) em sósias de Cheney e Bush, algumas sacadas do roteiro de McKay roubam a cena em diversos momentos, rendendo boas risadas com seu final inusitado e com um solilóquio shakespeariano entre Cheney e a esposa Lynne (Amy Adams de O Mestre) na cama.

A frase utilizada para divulgar o filme – “a historia não contada que mudou os rumos da história” – pode soar pretensiosa, e McKay assume esse pretensiosismo com bastante ousadia em um tom de sátira que culmina numa hilária e inesperada cena pós créditos. Cheney não manipulou apenas George W. Bush…

 

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