The Old Guard… ou a busca de Charlize por uma franquia

Aviso: isto não é exatamente um review de The Old Guard, mas uma avaliação centrada em sua protagonista Charlize Theron, que é a principal atração da série, sem dúvida alguma.

O que você faz com sua carreira quando ganha um Oscar de Atriz aos 28 anos, se consagrando no competitivo mundo de Hollywood, sendo rica e uma das pessoas mais lindas do mundo? Esse dilema também assombrou Angelina Jolie (que é só dois meses mais velha), que teve seu Oscar ainda mais jovem, e a resposta foi semelhante: virar uma heroína de ação.

A ex de Brad Pitt conseguiu emplacar dois longas como a heroína dos games Lara Croft (2001 e 2003), mas Charlize falhou em sua primeira tentativa, com Æon Flux (2005), e teve que esperar dez anos pela Furiosa de Mad Max: Estrada da Fúria (2015), no qual roubou o filme do pobre Tom Hardy (e ela magoou ao saber do projeto de substituí-la por uma atriz mais jovem num prequel da aventura).

Angelina tentou uma nova franquia com Salt (2010), que fracassou nas bilheterias, e vai entrar para o Universo Cinematográfico Marvel em Os Eternos. Miss Theron, que há pouco revelou nunca ter recebido convite para entrar para o MCU, bancou Atômica (2017), que também não foi bem de público, mas é muito bom (quem não viu, por favor, também está na Netflix). Agora, tenta um novo projeto, igualmente inspirado em HQ.

Qual é a vantagem para essas mulheres lindas e poderosas emplacarem franquias de ação? É só perguntar para Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis. Os três já andam pela Melhor Idade e continuam trabalhando em personagens que criaram há décadas (Rocky é de 1976!).

Já para as moças, por mais maravilhosas que sejam, a dependência da aparência faz a idade pesar mais. Suspeito que daí venha a vontade de criar uma franquia de ação própria: é uma garantia de emprego na velhice, pois a forma física e carisma importam mais que as eventuais rugas. Sem falar que significa invadir um território quase exclusivamente masculino, exceções feitas a Milla Jovovich (Resident Evil) e Kate Beckinsale (Anjos da Noite). You go girl!

The Old Guard

Falemos então de The Old Guard. É mais uma adaptação de graphic novel, neste caso, de Greg Rucka (cuja obra já rendeu Terror na Antártida, com Kate Beckinsale), sobre quatro guerreiros imortais que se engajam em ações humanitárias ao longo dos séculos. Só que eles são desmascarados numa emboscada, quase ao mesmo tempo em que uma nova combatente recebe o dom – ou maldição. Apesar de não economizar sangue e violência gráfica, aparentemente o seriado suaviza a HQ, e boa parte das situações não escapam de um bom clichê. A direção de Gina Prince-Bythewood (A Vida Secreta das Abelhas) também não colabora, perdendo diversos ganchos emocionais da trama.

O destaque é o elenco, que além de Charlize – vivendo Andrômaca, a Cita, uma guerreira que tem milhares de anos – , inclui nos papéis principais Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão, Doutor Estranho) como o agente de inteligência Copley; e Kiki Layne, a jovem revelação de Se a Rua Beale Falasse (2018), interpretando a novata Nile, uma cabo americana ressuscitada no Afeganistão. Como coadjuvantes, Matthias Schoennaerts (Operação Red Sparrow) é Booker, um ex-soldado de Napoleão; Marwan Kenzali (o Jafar do Aladdin live-action) e Luca Marinelli (Uma Questão Pessoal) como Joe e Nicky, um casal formado por um cruzado e um sarraceno. Talvez o ponto fraco seja o antagonista Merrick, interpretado por Harry Melling, da franquia Harry Potter, que de moleque estranho virou um vilão esquisito, praticamente um genérico do Luthor de Jesse Eisenberg.

Se fosse um filme para o cinema, eu diria que não valeria a pena; mas como um divertimento para se ver em casa durante esta longa quarentena, vale a visita, especialmente – reforço – por Charlize Theron e sua busca por uma franquia de ação para chamar de sua. By the way, já foi anunciada uma sequência de Atômica, a Operação Red Sparrow raiz.

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