Review | Os Incríveis 2

Quando a Pixar lançou Os Incríveis, em 2004, os filmes de super-heróis em alta (ainda) eram produzidos por Fox e Warner, algo até inimaginável hoje em dia. Homem-Aranha de Sam Raimi ganhava sua sequência e Batman Begins seria lançado apenas no ano seguinte. Coube então ao diretor Brad Bird  dar sua contribuição e entregar uma animação que reunia elementos indefectíveis: família, ação e superpoderes.

Desde então, muito se falou sobre uma continuação para aquela que se tornaria uma das animações mais queridas do público. Essa longa espera de 14 anos criará um novo fenômeno: crianças que se tornaram adultos voltarão aos cinemas para acompanhar Os Incríveis 2, que estreia dia 28 de junho nos cinemas brasileiros. O Nerd Interior conferiu o filme em cabine oferecida pela Disney.

Apesar do longo hiato, Os Incríveis 2 começa logo após o ataque do Escavador no final do primeiro filme, por isso, não se perde tempo mostrando o que teria acontecido com os personagens em um longo intervalo de tempo. A pancadaria já chega com tudo.

Felizmente, Brad Bird assina mais uma vez a direção, depois de entregar Missão: ImpossívelProtocolo Fantasma (2011), um dos melhores filmes da franquia. De volta para Os Incríveis 2, entrega uma sequência digna, com muita ação do início ao fim, como todo filme de super-herói precisa ser.

E esse é um dos grandes trunfos desta continuação. A ação dá o tom do longa, que também ganha uma trilha condizente com seus momentos de intensidade e de mais calmaria. Bird não perde a mão nem mesmo em momentos de mais reflexão ou em cenas dentro de casa, no convívio da família Pêra. A edição é ágil e as cenas de ação são bem coreografadas: Bird já demonstrara que domina a arte no clássico O Gigante de Ferro (1999), no primeiro Os Incríveis e quando colocou Tom Cruise escalando o prédio mais alto do mundo em Dubai… pelo lado de fora.

Críticas

Bird também acerta em cheio ao aliar a realidade da família Pêra à nossa. Não faltam críticas a políticos (quer momento mais oportuno?), e o vilão Hipnotizador pode ser visto como um alerta ao uso ostensivo de televisores ou outras formas de mídia. Até mesmo a dublagem brasileira ganha pontos ao fazer algumas tiradas hilárias, que só funcionam por aqui.

Apesar do vilão Hipnotizador ser um dos pontos fracos da história – ou talvez não tão empolgante –, ele acaba funcionando da maneira esperada. Se não amedronta e nem gera surpresa ao ser desvendado, por outro lado os conflitos dos membros da família Pêra ganham mais tempo para serem desenvolvidos.

Enquanto Roberto é proibido de desfilar como Senhor Incrível devido a uma nova lei, ele é obrigado a cuidar dos três filhos, já que sua esposa Helena, a Mulher Elástica, é a heroína que passa a salvar o dia. O longa ainda encontra espaço para desenvolver os dramas juvenis de Flecha e Violeta: enquanto ele sofre com a matemática “moderna” (que também tira horas de sono de Roberto), ela sofre de amores por seu crush Toninho Rodrigues (a cena no Bom de Boca é espetacular).

Mas o grande trunfo – e o que mais causava expectativa, até mesmo pelos teasers lançados na divulgação do filme – é Zezé, o bebê da família que também tem superpoderes. Funcionando como alívio cômico, as cenas de Zezé utilizando seus poderes, se divertindo e enlouquecendo o pai são ótimas, deixando Roberto exausto e fazendo valer aquela máxima: sim, as donas de casa são verdadeiras heroínas.

Ao final, Os Incríveis 2 pode não revolucionar o gênero – ainda mais depois de tantos filmes de super-heróis que a Marvel fez e refez – porém serve eficazmente para dar identidade à própria família Pêra que, finalmente, tem seus dramas mais expostos.

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