Review | Por Trás de Seus Olhos (Netflix)

Se você começou a ler este texto para saber se vale a pena assistir Por Trás de Seus Olhos, já vou dizendo que não. Julgar um filme ou série como ruim, é algo subjetivo, sendo um crítico apenas alguém que tem mais repertório e instrumentos de análise que o espectador comum, que tem todo direito à sua opinião, por pior que seja. Já uma uma narrativa construída somente em função de um plot twist é objetivamente desonesta.

Este é o caso desta minissérie – porque não há motivo possível para continuar com isso – britânica, baseada num romance que parece ser daqueles vendidos em rodoviárias. No elenco destaca-se Eve Hewson, que começou a chamar a atenção em The Knick, e que vem a ser filha de Bono, do U2. A seu lado estão a ótima Simona Brown, de O Gerente da Noite; e o galã Tom Bateman, de Assassinato no Expresso do Oriente, com um inacreditável sotaque escocês.

O duro é que os três primeiros episódios são muito bons, com a formação de um triângulo amoroso cheio de desejos, segredos, manipulação e, principalmente, muito bem filmados. No quarto começa a ficar esquisito, no quinto você diz “mas que merda!” e no desfecho – cuja surpresa tão falada eu já tinha adivinhado – concluímos que jogamos horas de nossas vidas no lixo.

Nada contra plot twists – M. Night Shyamalan construiu toda uma carreira em cima disso – mesmo os paranormais, mas eles precisam ser construídos desde o início, e não tirados da cartola sem mais nem menos.

Uma coisa é você sofrer de uma disfunção mais ou menos comum como terror noturno. Outra, é você desenvolver um tipo de superpoder do nada. É como se Perdas e Danos, do Louis Malle, terminasse virando E Se Fosse Verdade?, com a Reese Witherspoon.

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