Review | Hardcore Henry

Poster do filme russo financiado por fãs através do IndieGoGo, Hardcore Henry
Poster do filme russo financiado por fãs através do IndieGoGo, Hardcore Henry

 

Me deixe fazer algumas perguntas antes que você dê continuidade na leitura deste Review:

  • Você gosta de games FPS (First Person Shooter, ou jogos de tiro em primeira pessoa)?
  • Gosta de filmes de ação non stop, caricata e violenta?
  • Achou bacana aquela cena do filme Doom e sempre imaginou como seria um filme todo construído daquela maneira?

Se você respondeu ‘sim’ para essas essas questões, tenho uma boa notícia para você: Hardcore Henry vai lhe atingir em cheio. E depois sair correndo, fazer parkour, roubar a arma de alguém, matar uma dezena de capangas, pular num helicóptero. O filme acaba de entrar no catálogo de lançamentos da Netflix.

O projeto surgiu da mente mirabolante do diretor russo Ilya Naishuler – que há alguns anos dirigiu o clipe de Bad Motherfucker, da banda conterrânea Biting Elbows – usando a estética da visão em primeira pessoa. O clipe viralizou e Ilya decidiu que criaria um filme usando do mesmo artifício. Para isso, lançou uma campanha de financiamento do projeto, com a qual conseguiu 102% do valor pretendido, de 250 mil dólares.

Assim nasceu o filme que trata da história de Henry, um mezzo humano mezzo androide, que acorda sem memória alguma em um laboratório. À sua frente, sua mulher, que está lhe recuperando de algumas avarias – coisa boba como perder um braço e uma perna. Quando tudo se encaminha bem, o laboratório é invadido por Akan, um vilão com poderes sobrenaturais que sequestra sua mulher. A partir desse momento, Henry vai ter que correr contra o tempo para buscar mais informações sobre si próprio, resgatar sua amada e fugir do vilão, que quer capturá-lo para usar num plano que envolve clonagem de super soldados.

 

 

Esse parágrafo acima lhe pareceu coisa de videogame? Pois assim que você botar os olhos na película vai ter certeza disso. A começar pela estética em primeira pessoa – técnica empregada com maestria pelo cineasta russo. Pode lhe causar estranheza nos minutos iniciais, mas passado esse incômodo, você se sentirá parte da aventura. E que aventura, meus amigos.

O protagonista/você faz parkour, empunha armas de diversos calibres, salta de um avião, salta de um helicóptero, salta de um prédio, faz rapel, é arremessado por bombas, cai de ponte, participa de perseguições em um carro, em uma sidebike, em uma moto (ele voa de uma explosão, do alto de um carro para a traseira de uma moto). Tudo isso ininterruptamente. E talvez isso possa ser um ponto ruim para algumas pessoas – não foi pra mim.

O roteiro não é nada de maravilhoso, apresenta situações e personagens pra lá de clichê – algum maluco drogado entre garotas de programa, um militar durão, um hippie drogado… Mas sinceramente, esse esmero nunca foi a preocupação dessa película, que é uma ode aos videogames.

Você vai se sentir no controle do protagonista nos momentos em que ele encontra armas pelo chão, que ele se esconde atrás de muretas e paredes para atirar granadas nos inimigos, quando ele encontra powerups pelos cenários, quando “recupera sua vida” em algumas passagens do filme. Só faltou um save point, pois até chefão e sub-chefão nós temos aqui.

Sem entregar spoilers sobre a trama, vale ressaltar a versatilidade de Sharlto Copley, fazendo mais de um papel no longa, e o bom desempenho do vilão Akan, encenado por Danila Kozlovsky – canastrão e clichê na medida certa.

Como eu disse antes, esse é um filme feito para um público específico: fãs de videogames, de FPS, de sangue cobrindo a tela das maneiras mais rápidas, exageradas e inventivas possíveis. Palmas para o ótimo primeiro trabalho de Ilya Naishuler – vale a pena ficar de olho no que vem por aí.

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