Mostra Internacional de Cinema faz dupla homenagem a Michelangelo Antonioni

Todos os anos, a Mostra Internacional de Cinema convida um artista ou cineasta para fazer a arte do pôster do ano. Nomes como Ai Weiwei, Akira Kurosawa, Andrei Tarkóvski, Emir Kusturika, Jia Zangke, Kobra, Manoel de Oliveira, Marco Bellocchio, Maurício de Souza, Pedro Almodóvar, Wim Wenders e Ziraldo assinaram o cartaz do evento em diferentes edições.

A arte da 47ª edição é uma pintura que o cineasta Michelangelo Antonioni, diretor consagrado internacionalmente, vencedor de inúmeros prêmios em Festivais Internacionais, como a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o Urso de Ouro em Berlim e Leão de Ouro em Veneza, além de um Oscar honorário, fez nos anos 1960.

Nascido em 1912, na cidade de Ferrara, Itália, Michelangelo Antonioni foi um diretor, roteirista, editor e pintor, conhecido principalmente pelo seu trabalho de composição de cenas.

Além de seus mais reconhecidos filmes, como Profissão: Repórter (1975), Blow-Up – Depois Daquele Beijo (1966), e a trilogia da incomunicabilidade, composta pelos longas A Aventura (1960), A Noite (1961) e O Eclipse (1962), ele também pintava e realizou várias exposições de seu trabalho na Itália.

Durante a vida toda, Antonioni foi também um pintor que enquadrou, explorou close-ups, olhos, pedras, mãos, bocas, folhas, árvores e geladeiras explosivas, devolvendo sua arte silenciosamente em fragmentos.

As cores, como em Deserto Vermelho, as ampliações em Blow-Up – Depois Daquele Beijo – com tantos grãos que beiram a abstração, e a famosa sequência explosiva em Zabriskie Point, são praticamente pinturas abstratas em movimento.

Para o diretor, ver era uma necessidade. Para o pintor, ver era uma preocupação. “Enquanto para um pintor descobrir uma realidade estática ou um ritmo, mas um ritmo fixo em um sinal, para um diretor, o problema é capturar uma realidade que matura e consome, e propor este movimento como uma nova percepção”, relatou Antonioni em 1963.

Retrospectiva

Além do pôster, a homenagem da 47ª Mostra ao diretor Michelangelo Antonioni inclui a exibição de 23 títulos, entre curtas e longas, documentários e ficções, realizados entre 1947 e 2004, em 65 anos de atividade.

Completa a homenagem a leitura que atores farão do roteiro Tecnicamente Doce, escrito por Michelangelo Antonioni, que será filmado com direção de André Ristum, produção de Caio Gullane, Fabiano Gullane e André Novis em coprodução com a empresa italiana Vivo Film, associada à Enrica Antonioni.

  1. A Aventura, Ficção, 112min, Reino Unido/EUA, 1960
  2. A Dama sem Camélias, Ficção, 106min, Itália, 1953
  3. A Noite, Ficção, 123min, Itália/FR, 1961
  4. Além das Nuvens, Ficção, 112min, França/Itália/Alemanha, 1995 (co-direção de Wim Wenders)
  5. Blow-UP – Depois Daquele Beijo, Ficção, 112min, Reino Unido/EUA, 1966
  6. Crônica de um Amor, Ficção, 98min, Itália,1950
  7. Gente do Pó, Doc, 10min, Itália, 1947
  8. Identificação de Uma Mulher, Ficção, Itália/FR, 131min, 1982
  9. Kumbha Mela, Doc, 18min, Índia, 1989
  10. L’amoroza Menzogna, Doc, 11min, Itália, 1949
  11. Limpeza Urbana, Doc, 9min, Itália, 1948
  12. Noto, Mandorli, Vulcano, Stromboli, Carnevale, Doc, 10min, Itália, 1992
  13. O Amor na Cidade (Tentativa de suicídio), Ficção, 22min, Itália, 1953
  14. O Deserto Vermelho, Ficção, 117min, Itália/FR, 1964
  15. O Eclipse, Ficção, 126min, Itália/FR, 1962
  16. O Grito, Ficção, 117min, Itália/EUA, 1957
  17. Os Vencidos, Ficção, 113min, Itália/FR, 1953
  18. Profissão: Repórter, Ficção, 126min, Itália/FR, 1975
  19. Roma, Doc, 10min, Itália, 1989 (episódio do longa 12 Registi per 12 Città)
  20. Superstizione, Doc, 9min, Itália, 1949
  21. Sicília, Doc, 9min, Itália, 1997
  22. O Olhar de Michelangelo, Doc, 15min, Itália, 2004
  23. Zabriskie Point, Ficção, EUA, 113min, 1970

 

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