Review | Tomb Raider: A Origem

É de se admirar que na segunda década dos anos 2000, quando os games estão cada vez mais reais, o cinema ainda encontre margem para estas adaptações. Depois dos recentes Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos (2016) e Assassin’s Creed (2017) – que não foram bem aceitos por crítica e público – Tomb Raider: A Origem seria a próxima adaptação a despertar mais interesse, por se inspirar num reboot que o próprio jogo teve em 2013 e por trazer a oscarizada Alicia Vikander (Jason Bourne) no papel de Lara Croft.

Muito foi falado a respeito de Vikander como a protagonista, pois seu corpo magro e esguio é diferente da sex symbol Angelina Jolie, a Lara Croft das adaptações de 2001 e 2003. Críticas infundadas, já que apesar das produções se basearem no mesmo jogo, a Lara do jogo de 2013 é realmente mais magra e atlética. Dito isso, essa é a única ressalva ou defesa que pode ser feita a respeito do filme Tomb Raider: A Origem em comparação ao jogo.

O diretor norueguês Roar Uthaug (A Onda) foi escalado para dirigir esta aventura e desde o início nota-se um estilo ultrapassado e anticlimático em sua direção. Em conjunto com o editor Stuart Baird (do divertido Salt), Uthaug faz as cenas de ação serem totalmente esquecíveis e sem impacto, com dezenas de cortes que cansam a paciência do espectador – que pode notar a fragilidade das coreografias. A única cena que se destaca é a mesma que está no trailer, justamente pelo senso de perigo que ela traz.

Perspicácia

Falta também a Uthaug a perspicácia em utilizar uma câmera mais inteligente e colocar o espectador na ação, como foi visto em Hardcore: Missão Extrema (2015), que não se baseia em um game, mas tem um estilo inovador por assistirmos à ação em primeira pessoa. Um claro exemplo é a cena em que Lara Croft deve atravessar um rio com forte correnteza do alto de um penhasco passando por cima de um tronco de árvore caído. Uthaug filma a cena sem nenhuma tensão, focando apenas no rosto de Vikander. Onde está a jogabilidade? O senso de aventura? A exploração do cenário desafiador?

A Lara Croft de Vikander deve ser o único destaque do longa, porém também tem seus problemas. Na primeira parte vemos uma Lara Croft carismática, com certo humor e mais despojada, nota-se que a atriz estava bem à vontade no papel. Porém, com o desenrolar da trama, essa personalidade desaparece. De qualquer forma, Vikander parece ter se divertido nas cenas de ação e cumprido seu papel quando lhe é exigida certa carga dramática.

Por ser inspirado em um jogo, era de se esperar que Tomb Raider: A Origem envolvesse o espectador na trama e seus mistérios, por meio de enigmas desafiadores, mas todas as cenas inspiradas nas fases de um game trazem soluções improváveis e sequer temos chance de tentar decifrá-las, como na cena em que Lara deve adivinhar qual cor abre uma porta – a solução é patética.

Tomb Raider: A Origem não traz absolutamente nada de novo ao gênero e sinceramente não sei se faz jus ao game. A única coisa que pode ser dita é que Alicia Vikander está bem como Lara Croft, mas é pouco no meio de tantos clichês que o longa carrega.

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