Review | Normal People (Starzplay)

Baseada no romance homônimo de Sally Rooney, a minissérie Normal People está desde julho hospedada na plataforma de streaming Starzplay e em seus 12 capítulos, apresenta a sensível e romântica história de Marianne (Daisy Edgar-Jones) e Connell (Paul Mescal).

Ela é uma estudante do último ano do ensino médio e membro de uma família de classe média alta, ele também está terminando o segundo grau e sua mãe, Lorraine (Sarah Greene), trabalha limpando a casa de Marianne. Certo dia, Connell vai buscar sua mãe no trabalho e depois começa a desenvolver um relacionamento amoroso com Marianne.

Longe de qualquer clichê ou superficialidade, Normal People pode pegar os mais desavisados de surpresa tamanha a intensidade que seus capítulos atingem. A narrativa romântica e envolvente se aprofunda na vida dos protagonistas de forma tão visceral, que consegue proporcionar várias nuances e sentimentos.

Durante os capítulos, vamos acompanhando de forma bastante orgânica a construção do relacionamento entre os protagonistas. Ambos estão em fases distintas de suas vidas, tendo que lidar com perdas e incertezas, mas alguns desejos e sentimentos encontram abrigo um no outro.

Roteirizado pela própria autora do best-seller, a adaptação faz jus a todo o sucesso que o livro alcançou desde o seu lançamento em 2018, colecionando os mais importantes prêmios literários e elevando a autora a condição de uma das mais promissoras escritoras da nova geração.

Fenômeno

O fenômeno literário agora é adaptado para a TV com as mesmas honrarias da obra original. Cada vez mais, as pessoas estão descobrindo e se identificando com a minissérie, devido ao drama sensível e profundo que toda a história apresenta. Muito além disso, se envolvem pela forma com que a autora criou sua narrativa, sendo assustadoramente fiel no retrato de uma geração.

As angústias e as ansiedades dos jovens de hoje em dia estão vivas nas páginas do livro e em cada cena da minissérie. O romance entre Marianne e Connell é mostrado de forma real, o que gera uma identificação imediata.

O final feliz ou até mesmo o romance bonitinho, visto em tantas obras do gênero, passam longe dessa produção. Normal People eleva o padrão dos romances ao retratar de forma sempre honesta, bonita, confusa o que é amar alguém, sem ter medo de muitas vezes construir relacionamentos abusivos e tóxicos.

Muito bem escrita e com a direção certeira de Lenny Abrahamson – indicado ao Oscar por O Quarto de Jack (2015) – a história apresenta de forma bem íntima capítulos que duram entre 20 a 30 minutos, tempo suficiente para apresentar diversas variações das relações humanas. Os episódios são tão contundentes, que se durassem mais, apenas prolongariam o sofrimento dos protagonistas – e o nosso.

Retratando tão bem os jovens dessa geração, alguns elementos presentes na sociedade também marcam presença na minissérie. Depressão, bullying e problemas de autoimagem, são retratados com uma visão bastante acessível e reconfortante, ampliando o debate sobre os temas.

Os protagonistas estão sempre à flor da pele. Tanto Daisy Edgar-Jones quanto Paul Mescal apresentam desempenhos magnéticos, tamanha a entrega de suas atuações. Sem pudor, ambos se entregam em frequentes cenas de sexo, essencialmente bem filmadas e longe de parecerem gratuitas. O sexo aqui é um importante recurso narrativo para que se entenda os rumos que as vidas dos personagens tomarão.

Normal People é um grande misto de emoções e vivências, que acumula ao longo de seus capítulos personagens reais, cheios de defeitos, dores, muitos encontros e desencontros e desilusões necessárias para o amadurecimento.

Indicada para quatro Emmy nas categorias de Melhor Ator (Paul Mescal), Melhor Roteiro (Sally Rooney e Alice Birche) Melhor Direção (Lenny Abrahamson) e Melhor Elenco, a minissérie assustadoramente ficou de fora entre os selecionados para a categoria principal de Melhor Minissérie.

 

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Joel Junior http://www.nerdinterior.com.br

Professor, divide o tempo que tem entre o aprendizado das crianças com sua paixão pelo cinema, sua obsessão por séries, sua coleção de livros e fixação por música. Mistura toda a cultura pop e ainda acha tempo para escrever e se divertir.

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